O consumo de notícias por meio de agentes conversacionais de inteligência artificial (IA) está ganhando força na América Latina, com destaque para o Brasil e o México, de acordo com o Digital News Report 2025, do Reuters Institute. No Brasil, 9% da população já utiliza semanalmente chatbots como ChatGPT ou Gemini para se informar — considerada uma taxa acima da média global, sendo superior à de países como Alemanha, Japão e Reino Unido. No México, esse número chega a 7%, igualando a média global. Esse movimento marca o início de uma nova era no acesso à informação.
“Os usuários estão recorrendo aos agentes de IA em busca de resumos objetivos, traduções instantâneas e notícias mais alinhadas aos seus interesses como uma forma de complementar os meios tradicionais”, explica Bruno Montoro, diretor LATAM da Gupshup.
Ele acrescenta que, em um cenário de excesso de informação e fragmentação, a IA torna mais simples o acesso a conteúdos relevantes, ajudando a entender temas complexos e globais.
“Apesar da maior adoção no Brasil, os padrões de uso são parecidos: eficiência e personalização são as grandes motivações, especialmente em tempos de sobrecarga informativa”, completa.
Vale destacar que, hoje, os agentes de IA funcionam mais como aliados do que como substitutos. Eles ajudam a obter uma visão geral ou introdutória das notícias, mas a maioria das pessoas ainda recorre à imprensa tradicional para validar as informações. Esse uso híbrido mostra tanto o potencial da tecnologia quanto as dúvidas que ainda existem sobre sua precisão e transparência.
Os dados do Reuters Institute também traçam um panorama claro: mais de 183 milhões de brasileiros estão conectados à internet, o que representa 87% da população. Dentre esses usuários, 80% consomem notícias por canais digitais. As redes sociais também lideram como principal porta de entrada para a informação (64%), seguidas pela televisão (36%). Os meios impressos continuam em queda, com apenas 13% de alcance. Entre os brasileiros com menos de 35 anos, plataformas como YouTube (37%), Instagram (37%), WhatsApp (36%), Facebook (28%) e TikTok (18%) ganham destaque, com o conteúdo jornalístico dividindo espaço com entretenimento e desinformação.
Nesse contexto, a IA conversacional surge como uma ferramenta estratégica para manter a relevância dos veículos de comunicação.
“Ela transforma os meios de emissores passivos em plataformas dinâmicas e relevantes. Com isso, é possível resumir histórias complexas em atualizações rápidas, responder perguntas em tempo real e adaptar a linguagem conforme o perfil de cada usuário”, afirma Montoro.
Em escala global, o relatório identifica três principais usos que o público faz dos agentes de IA no consumo de notícias: resumos rápidos, tradução automática de conteúdo internacional e recomendações personalizadas. Essas funções facilitam o acesso a informações úteis, relevantes e no idioma do usuário — fatores-chave em mercados como México e Brasil, onde o público quer entender tanto o contexto local quanto o cenário global.
Ainda assim, o avanço da IA no jornalismo traz desafios. Enquanto muitos valorizam a agilidade e acessibilidade, há preocupações com a confiabilidade, a transparência e a exatidão das informações. Por isso, o desenvolvimento responsável desses agentes precisa incluir regras claras e práticas éticas. Segundo a Gupshup, esses assistentes devem se basear exclusivamente em fontes confiáveis, evitar gerar conteúdo original sobre temas sensíveis e sempre indicar as fontes utilizadas.
Os modelos mais seguros também contam com canais de feedback, permitindo que os usuários reportem erros ou inconsistências para correção imediata — um recurso essencial para aprimorar os sistemas e reforçar a confiança.
“Em países como México e Brasil, onde o digital já domina o consumo de notícias, o desafio não é mais tecnológico, e sim, ético e editorial: como unir a velocidade e personalização da IA aos princípios fundamentais do jornalismo — veracidade, independência e transparência”, finaliza Bruno.
Fonte: Com informações de Reuters Institute