A contabilidade de custos sempre foi muito mais do que um instrumento de cálculo: ela é a base para que empresas entendam sua própria estrutura, definam preços de forma justa e tomem decisões que garantam a sobrevivência e o crescimento no mercado.
Com a aprovação da reforma tributária, que instituiu o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) por meio da Lei Complementar nº 214/2025, o papel da contabilidade de custos ganha uma nova dimensão. A mudança no modelo de tributação, que substitui tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins, traz não apenas a promessa de simplificação, mas também a necessidade de rever como os custos são calculados e
O novo sistema baseado no valor agregado, busca reduzir distorções históricas e eliminar a cumulatividade que sempre marcou os tributos indiretos. No entanto, a transição não será automática nem isenta de desafios. As empresas precisarão adaptar seus processos para mapear com precisão os créditos e débitos relacionados ao IBS e à CBS, garantindo que o custo real de cada produto ou serviço seja corretamente apurado. Esse cuidado é essencial para que os gestores mantenham margens de lucro adequadas e tomem decisões embasadas em informações confiáveis.
Mais do que nunca, será preciso estreitar a relação entre a contabilidade de custos e o planejamento tributário. As áreas contábil, fiscal e financeira terão de atuar de forma conjunta, revisando métodos de custeio, como o custeio por absorção e o custeio baseado em atividades (ABC), para refletir adequadamente a nova carga tributária. Essa integração permitirá que as informações sobre custos sejam não apenas corretas, mas também estratégicas, oferecendo uma visão clara da saúde financeira do negócio e de suas perspectivas de crescimento.
Alguns setores sentirão os efeitos dessa mudança de maneira mais profunda. Citando as indústrias com cadeias produtivas longas, empresas de serviços intensivos em mão de obra e atividades ligadas ao agronegócio. Precisarão avaliar com atenção o impacto do novo modelo tributário em seus custos. O aproveitamento adequado dos créditos do IBS e da CBS poderá ser decisivo para a formação de preços competitivos e para a manutenção da rentabilidade.
Outro ponto que merece atenção é a necessidade de as empresas investirem em tecnologia e capacitação, pois a apuração precisa dos novos tributos exigirá sistemas contábeis mais integrados e profissionais preparados para lidar com a complexidade da legislação. A contabilidade de custos, nesse contexto, deixa de ser apenas um departamento operacional e passa a atuar como fonte de inteligência, apoiando gestores em decisões que vão muito além do simples controle financeiro.
Ao mesmo tempo, a transparência prometida pelo novo sistema abre uma oportunidade para que a contabilidade de custos se torne ainda mais estratégica. Com informações mais claras sobre a incidência tributária, será possível planejar investimentos, definir políticas de preços com maior segurança e construir estratégias sólidas para expansão. Em um cenário de mudanças profundas, quem souber transformar a contabilidade em ferramenta de gestão terá vantagem significativa sobre os concorrentes.
Em síntese, a reforma tributária não é apenas um ajuste legal: ela redefine a forma como as empresas enxergam e controlam seus custos, e para aquelas que souberem se adaptar, a mudança pode representar não apenas um desafio, mas uma oportunidade de melhorar processos, otimizar resultados e fortalecer sua posição no mercado.