Dentro do ecossistema de startups, as fintechs ocupam um papel de destaque, com uma tese de valor amplamente validada pelo mercado. Muitas outras “techs” também têm se tornado relevantes para investidores, mas uma área específica pode alcançar o mesmo potencial das soluções financeiras: as legaltechs. São soluções jurídicas baseadas em tecnologia, um catalisador de eficiência em um setor tradicionalmente lento e de baixa digitalização.
De acordo com o Future Market Insights, as legaltechs já devem alcançar um valor global de US$ 35,4 bilhões em 2025, com CAGR estimado em 7,6% ao ano, o que resulta em US$ 72,5 bilhões movimentados em 2035. Já dados da Mordor Intelligence apontam que as principais tecnologias empregadas pelo setor incluem inteligência artificial, cloud computing e automação de fluxo de trabalho.
“O impacto dessas startups é particularmente alto por atuar em um setor historicamente marcado por lentidão e burocracia”, comenta Jairo C. Lamatina, fundador da Defendy, que atua na área de acesso à justiça e inclusão social com uma plataforma que conecta cidadãos das classes C, D e E a advogados confiáveis. “As legaltechs são capazes de prevenir riscos regulatórios, automatizar análises contratuais, oferecer compliance inteligente e até prever desfechos de disputas por meio de inteligência artificial. Esse movimento gera ganhos diretos em produtividade, segurança jurídica e transparência”.
Não é à toa que fundos de investimentos internacionais têm voltado os olhos para este mercado. De acordo com dados da Crunchbase, o setor de legaltechs recebeu, no ano passado, US$ 2,15 bilhões em aportes no mundo todo. Somente neste ano, o volume global já ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão, segundo o Business Insider — o que reforça o interesse crescente dos investidores no segmento.
Algumas das startups que mais receberam atenção nos últimos meses explicam a escolha de tantos investidores. A Harvey, por exemplo, que já recebeu mais de US$ 500 milhões em aportes, oferece modelos de IA especializados nas demandas legais dos Estados Unidos, levando-a a ser utilizada por alguns dos maiores escritórios de advocacia no país.
Outro exemplo é a Supio, que já conquistou US$ 91 milhões em investimentos. Ela aplica a IA na análise de fichas médicas, registros policiais, avaliações profissionais e outros documentos que podem ser úteis para advogados durante o desenvolvimento de um caso. No ano passado, a startup aumentou seu faturamento em quatro vezes.
“É importante avaliar as diferentes funções que cada legaltech pode providenciar”, aponta Jairo. A Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) é um bom demonstrativo: há ao menos 15 categorias que as startups cadastradas podem ocupar, desde gestão de escritórios e departamentos jurídicos até resolução de conflitos ou monitoramento de dados públicos.
“O potencial de cada solução pode atrair diferentes fundos e investidores justamente por atingir vários aspectos da advocacia e da sociedade. Quem ficar de olho nesses players pode ajudar a transformar muitos aspectos do mundo jurídico”, conclui Jairo.
Fonte: Defendy