Líderes e gestores de TI que pretendem ampliar a presença de seus profissionais no escritório mal sabem que esse tipo de estratégia pode ser um tiro no pé. É o que aponta o estudo global Talent Trends Tech 2025, da Michael Page, uma das maiores consultorias especializadas em recrutamento de executivos. De acordo com a pesquisa, 47% dos respondentes brasileiros da área de tecnologia procurariam um novo emprego se fossem obrigados a aumentar a presença no escritório. Os indicadores do Brasil superam as médias da América Latina (46%) e global (41%).
“Os profissionais passaram a valorizar a flexibilidade como um componente essencial da qualidade de vida e da produtividade. Profissionais de TI valorizam autonomia, confiança e resultados e tendem a se afastar de ambientes que priorizam controle em detrimento da entrega. As empresas precisam adotar uma abordagem mais estratégica e dialogada, considerando as especificidades das funções, os perfis dos colaboradores e os impactos reais no desempenho. A flexibilidade, quando bem estruturada, não apenas retém profissionais qualificados, como também fortalece a marca empregadora”, diz Juliana França, gerente executiva da Michael Page.
Maioria dos profissionais sente-se mais produtiva trabalhando em casa
Quando questionados sobre qual ambiente se sentem mais produtivos, 53% dos respondentes da área de TI informaram que rendem melhor trabalhando em casa, percentual superior ao verificado na América Latina (51%) e no mundo (42%).
Já os que preferem realizar suas atividades no escritório somaram 16% e os que acreditam ser igualmente produtivos tanto na empresa como no seu lar, 32%.
“Produtividade não está necessariamente vinculada à presença física, mas sim à clareza de objetivos, à qualidade da comunicação e ao alinhamento entre expectativas e entregas. Ignorar essa realidade pode levar à insatisfação e à evasão de talentos, especialmente numa área onde a demanda por profissionais qualificados é alta. O trabalho remoto, quando bem estruturado, não apenas favorece a produtividade individual, como também contribui para a construção de ambientes mais inclusivos, ágeis e orientados a resultados”, esclarece a consultora.
Qualidade de vida é prioridade no trabalho
O levantamento também expôs o que pensam os profissionais brasileiros de tecnologia quando pensam em trabalho. No topo das prioridades, aparece equilíbrio entre vida pessoal e profissional (42%), percentual superior à média da América Latina (41%) e global (32%). Na sequência aparecem saúde mental (19%), satisfação no trabalho (17%), um bom salário (15%) e sucesso na carreira (6%).
“Qualidade de vida, gestão do tempo e saúde mental são elementos que passaram a ser tão relevantes quanto remuneração e desenvolvimento técnico. A natureza do trabalho em TI, muitas vezes orientada por entregas, prazos e demandas de alta complexidade, exige foco e disponibilidade. Modelos de trabalho flexíveis têm contribuído significativamente para mitigar esses impactos. Eles permitem que o profissional administre melhor seus horários, reduza o tempo de deslocamento e esteja mais presente em sua rotina pessoal, sem comprometer a performance. Empresas que reconhecem essa dinâmica e promovem políticas de bem-estar, como pausas programadas, apoio psicológico, metas realistas e respeito aos limites fora do expediente, tendem a atrair e manter talentos com mais facilidade”, finaliza.
Talent Trends Tech 2025 é um dos levantamentos mais abrangentes sobre o mercado de trabalho global de tecnologia, conduzido entre novembro e dezembro de 2024, em 36 países. Ele conta com a participação de cerca de 5 mil profissionais e líderes de tecnologia no mundo. O objetivo do estudo é oferecer uma perspectiva dupla dos desafios atuais e como transformá-los em ações concretas ao longo de 2025.
Fonte: ConteudoINK