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Endividamento recorde: 76 milhões de brasileiros inadimplentes em 2025

Cartão de crédito e falta de controle financeiro lideram o problema

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A dívida que paralisa o Brasil: Serasa expõe os bastidores da inadimplência recorde.

Endividamento recorde: 76 milhões de brasileiros inadimplentes em 2025

O mais recente levantamento da Serasa Experian revela que o número de brasileiros endividados ultrapassou 76 milhões em 2025, representando quase metade da população adulta. O dado é o maior da série histórica e mostra um crescimento contínuo da inadimplência, impulsionado pela combinação de juros altos, inflação persistente e perda de renda real.

Entre os endividados, 57 milhões de pessoas sequer sabiam que possuíam dívidas ativas, segundo a Serasa. Esse desconhecimento decorre, principalmente, da falta de controle financeiro, da ausência de acompanhamento do CPF e do acúmulo de pequenas contas esquecidas, que se transformam em grandes débitos com o tempo.

O cartão de crédito lidera as causas de endividamento (69% dos casos), seguido de empréstimos pessoais (56%) e cheque especial (31%). Esse perfil revela a dependência crescente do crédito de curto prazo como forma de compensar a perda de poder de compra das famílias.

Fatores estruturais e comportamentais

O endividamento no Brasil é resultado de um conjunto de fatores econômicos e sociais, e não apenas de escolhas individuais.Entre os principais motivos apontados pela Serasa:

  • Desemprego e perda de renda (30%);

  • Imprevistos financeiros (25%);

  • Falta de educação financeira (23%).

Além disso, o custo do crédito continua sendo um dos maiores do mundo. Os juros rotativos do cartão de crédito ultrapassam 400% ao ano, e o cheque especial gira em torno de 130% anuais. Essa estrutura inviabiliza o pagamento integral das dívidas e perpetua o ciclo de inadimplência.

A educação financeira, embora esteja sendo gradualmente inserida em escolas e empresas, ainda é insuficiente. Apenas 10% dos jovens afirmam ter aprendido sobre finanças pessoais em casa, segundo pesquisa da Serasa com a Geração Z.

Impactos para a economia e para as empresas

O elevado nível de endividamento não afeta apenas o consumidor, impacta diretamente a economia e o ambiente empresarial.

  • O consumo das famílias, principal motor do PIB, desacelera quando o orçamento está comprometido com dívidas.

  • A inadimplência restringe o crédito, eleva os custos financeiros e inibe novos investimentos.

  • Pequenas empresas, especialmente do varejo, sofrem com a redução da demanda e o aumento do risco de inadimplência entre clientes.

Para o setor contábil e financeiro, o cenário exige monitoramento constante da saúde financeira de clientes e parceiros, além de planejamento tributário e gestão de fluxo de caixa mais rigorosos.

Iniciativas e soluções possíveis

O programa Serasa Limpa Nome tem desempenhado papel importante ao permitir a renegociação de dívidas com descontos que podem chegar a 90%. Só em 2024, mais de 10 milhões de acordos foram firmados na plataforma.Contudo, especialistas alertam que renegociar não basta, é preciso atuar na prevenção do endividamento, com políticas de crédito mais justas e educação financeira contínua.

Para as empresas, a recomendação é investir em controle de contas a receber, políticas de concessão de crédito bem definidas e em campanhas de conscientização junto a clientes.

Conclusão: um desafio coletivo

O endividamento é um dos principais sintomas da desigualdade econômica no Brasil. Os dados da Serasa reforçam que o problema não se limita à falta de planejamento individual, mas à estrutura econômica que encarece o crédito e penaliza quem tem menor renda.

Para que haja mudança real, é necessário:

  • Reformar o sistema de crédito, combatendo juros abusivos;

  • Ampliar programas de educação financeira e apoio à renda;

  • Incentivar renegociação responsável e orientada, com foco em sustentabilidade financeira;

  • Integrar contadores, consultores e gestores financeiros no processo de conscientização e reestruturação das finanças empresariais e pessoais.

Em resumo, o Brasil não é um país que gasta demais, é um país que ganha de menos e paga caro para sobreviver. Entender esse diagnóstico é essencial para que profissionais da área contábil e financeira ajudem a construir um caminho de recuperação e equilíbrio econômico.

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