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ECONOMIA

Inflação de 0,09%? Só se for no papel

Descompasso entre IPCA oficial e custo de vida percebido pelas famílias

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Inflação de 0,09%: estabilidade nos números, desequilíbrio na vida real

Inflação de 0,09%? Só se for no papel

O IPCA de outubro registrou alta de apenas 0,09%, e o acumulado em 12 meses ficou em 4,68%. À primeira vista, os números apontam para uma economia sob controle, com sinais de estabilidade e espaço para corte de juros no futuro. Mas, ao olhar com atenção, é difícil não perceber uma desconexão entre o dado oficial e o que se vive nas ruas.

O alívio que não chega ao bolso

Os índices mostram desaceleração, mas o custo de vida segue elevado. Aluguel, alimentação, combustíveis e serviços essenciais continuam pesando na renda das famílias. Mesmo com inflação “baixa”, o poder de compra permanece comprimido, e a sensação de melhora simplesmente não aparece.

A principal explicação está na composição da inflação. Parte da desaceleração veio de uma queda nas tarifas de energia elétrica, um fator pontual e regulado, que reduz o índice geral, mas não muda a estrutura de preços da economia. Ou seja, o alívio vem de fora, não de dentro.

Inflação oficial x inflação percebida

Existe uma diferença cada vez mais nítida entre a inflação oficial, medida por cestas médias de consumo, e a inflação percebida, que varia conforme a realidade de cada grupo social. Para quem gasta a maior parte da renda com alimentação, transporte e moradia, a “sensação inflacionária” continua muito superior aos 4,68% do IPCA.

Esse descompasso reforça a importância de analisar além dos números. Uma economia pode apresentar estabilidade técnica e, ainda assim, manter uma população endividada, com salários defasados e margens de consumo cada vez menores.

O risco da complacência

Resultados mensais modestos, como o de outubro, podem gerar uma leitura excessivamente otimista. É preciso cautela. A inflação continua próxima do teto da meta (3,0% ± 1,5 p.p.) e depende de fatores frágeis, câmbio, commodities, energia e serviços. Um desequilíbrio em qualquer desses pontos pode rapidamente mudar o cenário.

O Banco Central e o governo precisarão equilibrar discurso e realidade: manter o controle dos preços sem comprometer o crescimento, e reconhecer que estabilidade estatística não é sinônimo de bem-estar econômico.

Conclusão

A inflação pode estar baixa nos gráficos, mas a vida não está barata. O desafio agora é fazer com que a melhora dos indicadores chegue, de fato, à mesa das famílias e ao caixa das empresas. Até lá, a economia brasileira seguirá convivendo com uma contradição conhecida: o dado oficial desacelera, mas o custo de viver no Brasil continua acelerado.

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