O governo federal anunciou com destaque uma linha de R$ 12 bilhões em crédito rural para apoiar produtores afetados por perdas climáticas. A promessa era oferecer fôlego ao campo, com juros reduzidos e prazos ampliados. Na prática, porém, o dinheiro ainda não chegou à maioria dos produtores.
Anúncio rápido, execução lenta
O programa prevê taxas entre 6% e 10% ao ano e até nove anos para pagamento, variando conforme o porte do produtor. O problema é que, desde o lançamento, bancos e cooperativas não conseguem operar as linhas. Falhas no sistema de repasse, falta de instruções claras e burocracia excessiva travam a liberação. Enquanto o governo anuncia, os produtores esperam e esperam.
O dinheiro existe, mas não sai
Instituições financeiras relatam que ainda não receberam parâmetros técnicos e autorizações completas do BNDES. Além disso, a exigência de comprovação de perdas em duas safras consecutivas e a documentação detalhada afastam justamente quem mais precisa.Na ponta, produtores endividados, com lavouras afetadas e sem capital de giro, continuam sem resposta. O crédito virou manchete, não solução.
A desconexão com a realidade do campo
Enquanto o governo fala em “apoio emergencial”, o fluxo de caixa no campo segue apertado. Muitos produtores recorrem a empréstimos privados mais caros ou vendem parte da produção antecipadamente para cobrir custos. A promessa de R$ 12 bilhões virou um retrato da distância entre o discurso oficial e a realidade de quem produz: o dinheiro está disponível, mas inacessível.
Risco de exclusão
As exigências e a lentidão afetam especialmente os pequenos e médios produtores, com menor estrutura para comprovar perdas e lidar com processos burocráticos. Regiões com baixa presença bancária também enfrentam dificuldade para acessar o crédito, o que amplia desigualdades regionais e fragiliza cooperativas locais.
Crédito que não chega é prejuízo certo
Cada mês de atraso significa queda de produtividade, aumento de endividamento e perda de renda no campo. O crédito rural é ferramenta uma ferramenta vital, mas depende de agilidade e simplicidade para cumprir seu papel. Sem isso, o risco é transformar um programa de recuperação em mais uma promessa de vitrine política.
Em resumo: o crédito rural de R$ 12 bilhões existe, mas está parado. Enquanto o governo comemora o anúncio, o produtor continua enfrentando o mesmo problema de sempre: falta de acesso real ao dinheiro.













