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ARTIGO DE ECONOMIA

COP30: quando a economia encontra a ecologia

A conferência reforça que a transição ecológica depende da integração entre teoria econômica e políticas ambientais, destacando o papel de instrumentos como impostos sobre carbono, incentivos verdes e fundos florestais internacionais.

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COP30: quando a economia encontra a ecologia

COP30: quando a economia encontra a ecologia

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que está sendo realizada em Belém do Pará neste ano, marca um momento histórico: pela primeira vez, a Amazônia ocupa o centro das negociações climáticas globais. Esse cenário traz à tona uma questão fundamental — como a teoria econômica pode contribuir para lidar com os desafios da transição ecológica? Afinal, a economia é a ciência da escassez, dos incentivos e da alocação eficiente de recursos, elementos indispensáveis quando se trata de mudanças climáticas. 

Um dos conceitos mais importantes que a economia oferece é o de externalidades. Em termos simples, são os efeitos colaterais das atividades produtivas que não se refletem nos preços de mercado. As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) são o exemplo clássico: empresas e consumidores poluem sem arcar com os custos sociais e ambientais dessa poluição, apenas com os custos privados. Para corrigir essa distorção, a teoria econômica propõe instrumentos como impostos sobre carbono, mercados de créditos de emissão e subsídios a tecnologias limpas. Na COP30, a meta é justamente transformar compromissos ambientais em mecanismos econômicos capazes de gerar resultados mensuráveis.

Outro ponto central é o papel dos incentivos. Países e empresas só mudam de comportamento quando encaram sinais econômicos claros e previsíveis. Criar esses mecanismos — fortalecendo mercados de carbono e mobilizando trilhões de dólares em financiamento climático — é fundamental. Sem incentivos adequados, os agentes econômicos tendem a seguir o caminho mais barato no curto prazo, que é continuar poluindo. 

A teoria econômica também ilumina o debate sobre equidade internacional. Quem deve pagar pela transição ecológica? Essa tensão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento é antiga e reflete uma realidade da economia política internacional. Os custos e benefícios da ação climática são distribuídos de forma desigual. Nesse contexto, surge o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um mecanismo financeiro mundial criado para valorizar países em desenvolvimento que preservam suas florestas tropicais. A proposta é remunerar cada hectare de floresta mantido em pé, oferecendo previsibilidade e estabilidade financeira a governos e comunidades locais. Os recursos do fundo são administrados pelo Banco Mundial e investidos em portfólios diversificados, com exclusão de setores poluentes, enquanto os rendimentos gerados financiam pagamentos anuais aos países que mantêm as taxas de desmatamento abaixo da média global.

Do ponto de vista teórico, o TFFF representa uma aplicação concreta da economia ambiental. O fundo internaliza externalidades positivas — os serviços ecossistêmicos das florestas — e transforma a conservação em um ativo financeiro. Diferentemente de mecanismos anteriores, como o REDD+, o TFFF não depende da emissão de créditos de carbono, remunerando diretamente a floresta em pé. Dessa forma, corrige uma falha de mercado histórica, na qual a preservação raramente é recompensada economicamente. Além disso, destina parte dos recursos a povos indígenas, reconhecendo a sua função essencial na proteção das florestas e fortalecendo a justiça climática.

Em síntese, a COP30 reafirma que não há transição ecológica sem economia. A teoria econômica fornece as ferramentas para transformar princípios ambientais em políticas efetivas, precificando externalidades, estruturando incentivos e promovendo equidade internacional. 

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