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ARTIGO DE ECONOMIA

IPCA de 2022 reafirma risco de inflação em 2023

Neste artigo, o especialista discute sobre os aumentos substanciais de produtos no ano de 2022 que acabam reafirmando a inflação ainda neste ano.

20/01/2023 13:30

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IPCA: indicador de 2022 reafirma risco de inflação em 2023

IPCA de 2022 reafirma risco de inflação em 2023 Foto: Nataliya Vaitkevich/Pexels

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e, por consequência, do ano de 2022. O indicador é o oficial utilizado pelo Banco Central (Bacen) para medir a inflação que deve estar dentro da meta estabelecida.

No mês passado, esse índice alcançou 0,62%, concluindo o ano em 5,79%. Embora o número final tenha ficado muito mais abaixo do que o apontado no meio do ano, uma análise mais profunda do indicador gera alguns alertas muito importantes para a condução da política monetária, lembrando que mesmo com um melhor desempenho, o valor ainda é superior à banda estabelecida pela meta.

O primeiro ponto de preocupação é que este número (5,79%) só foi atingido em razão da baixa “artificial” do preço dos combustíveis. Os dados dos transportes indicaram uma queda de 1,29% no índice anual, e um aumento de apenas 0,21%, em dezembro. 

Obviamente que a baixa do preço do petróleo ocasionada por uma onda de pessimismo na economia mundial ajudou, mas a maior parte do resultado veio da diminuição dos impostos. 

Outro item que influenciou muito para esta conjuntura foi habitação, graças à recuperação da capacidade das hidrelétricas e à mudança da bandeira tarifária, subindo apenas 0,07%, em todo ano passado, e apenas 0,20%, no mês de dezembro.

Por outro lado, os índices mais importantes para as famílias mais pobres registraram aumentos substanciais em 2022, minando o poder de compra desta parcela da população. 

Alimentos, por exemplo, que respondem por mais de 20% dos gastos dos lares estimados pelo IBGE, apontaram crescimentos de 11,64%, no ano, e 0,66%, em dezembro, muito acima da média da inflação. O mesmo se pode dizer de vestuário (18,02% e 1,52%, respectivamente) e de saúde e cuidados pessoais (11,43% e 1,6%, na mesma ordem).

A grande questão é que os dados que apresentaram comportamento positivo em 2022 não deverão repetir o mesmo padrão em 2023, o que torna o controle da inflação mais complexo. 

Ainda, há grandes chances de a bandeira tarifária encarecer, caso as baixas nos impostos dos combustíveis sejam suspensas, causando uma pressão nos preços.

Além de tudo isso, há um risco “matemático”. Como houve deflação entre julho e setembro, em decorrência dos preços mais baixos, o índice de 12 meses até junho deve cair ainda mais, causando a falsa impressão de inflação sob controle e impondo que o Bacen baixe os juros.  

Contudo, tão logo os dados mensais negativos saiam do cálculo de 12 meses, a inflação anual começará a subir de novo, pois não teremos mais deflações em neste ano. Assim, a autoridade monetária terá de se manter firme na sua política, principalmente em um cenário ainda extremo.

Em suma, apesar da melhoria da inflação entre julho e dezembro do ano passado, o índice está longe de mostrar tranquilidade. A situação ainda preocupa e demanda um Bacen independente e atento aos movimentos dos preços.

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