Atualmente, os pilares da boa governança corporativa estão cada vez mais sendo fortalecidos, pois, com o amplo acesso às informações e com cidadãos mais conscientes de seus direitos, certos fatos anteriormente pouco divulgados, e por isso relevado, não são mais tolerados. Hábitos que estão entranhados em nossos costumes, como o uso do aparelho de Estado em benefício de interesse político-partidário ou privado, são expostos aos brasileiros de uma forma mais clara e transparente. Hoje clamamos por um "basta" ao uso que se tem feito da coisa pública em nosso país.
Trata-se de uma ótima notícia, pois com o conhecimento de como funcionam os esquemas de corrupção, de quem são os diferentes atores envolvidos nessa produção "hollywodiana" de custos elevados mas de qualidade péssima e associados às limitações dos atuais sistemas de prevenção e controle, temos a real oportunidade de aperfeiçoar nossas instituições e colocá-las a serviço dos verdadeiros interesses públicos, contando com a participação de amplas camadas da sociedade.
Podemos, sim, afirmar que o Brasil hoje está bem mais preparado para a "onda" implementação da governança corporativa. Associados a essa onda de transparência existem os resultados positivos de nossa economia, produzindo, contudo, no país uma perigosa sensação de solidez, pois já não existe a mesma urgência por reformas estruturais. O rigor pela disciplina fiscal parece estar esmaecendo. As próprias condições de governabilidade parecem estar em deterioração. O clima de otimismo econômico não tem sido suficiente para as empresas acelerarem a produção, porque muitas permanecem reticentes em investir na ampliação da capacidade produtiva. A superação das incertezas, quando decisões de investimento estão em questão, requer saber se estamos seguramente estruturados ou apenas "surfando" na onda de um novo milagre econômico.
Não importa o momento, as grandes tarefas, os grandes desafios, ou até mesmo os grandes empreendimentos, sejam eles no governo ou na direção de uma empresa, exigem que o homem pense, reflita sobre o histórico dos fatos, observe o momento de transição e se projete para o amanhã de forma estruturada e ciente dos riscos que existem diante do novo, do desconhecido.
Douglas B Rodrigues
MBA - Contador, Administrador de Empresas, MBA Auditoria e Controladoria,
Professor Palestrante da Universidade Gama Filho e Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais, além de instrutor especialista em Gestão de Riscos
Corporativos e Auditoria de Processos.
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