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Contabilização de um terreno

CLÁUDIA MORAL GONÇALVES

Cláudia Moral Gonçalves

Prata DIVISÃO 4 , Contador(a)
há 3 semanas Segunda-Feira | 7 abril 2025 | 12:30

Boa tarde colegas.

Minha dúvida é a seguinte, minha empresa adquiriu um terrenono valor de 84.000,00.
A entrada foi de 16.800,00 e o restante foi feito em 240 meses.
Restam 67.200,00 que dividido por 240 dá 280,00
Só que a parcela ficou em 573,85 devido a correção.

Colegas, como contabilizo? Seria assim:

Terrenos 
a Terrenos a Pagar                         84.000,00

Terrenos a Pagar
a Caixa                                                    573,85

Juros
a Caxa                                                     293,85   (573,85 - 280,00)

Se puderem me ajudar, agradeço. 

Ricardo C. Gimenez
Moderador

Ricardo C. Gimenez

Moderador , Assessor(a) Contabilidade
há 3 semanas Segunda-Feira | 7 abril 2025 | 16:15

Boa tarde, Cláudia Moral Gonçalves.

Dependendo da forma de utilização do terreno em debate, os custos com juros devem ser imobilizados ou então classificados como despesas, conforme é demonstrado nas próximas normas.

Segundo a NBC TG 27 (R4), sobre imobilizado:

23. O custo de um item de ativo imobilizado é equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço equivalente à vista e o total dos pagamentos deve ser  reconhecida como despesa com juros durante o período (ver a NBC TG 12 – Ajuste a Valor Presente, principalmente seu item 9, e a NBC TG 08 – Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários), a menos que seja passível de capitalização de acordo com a NBC TG 20 (grifos meus).
OBS: A NBC TG 08 foi revogada pela Oculto" target="_blank" rel="nofollow" class="redirect-link">Res. CFC 1.741/2024, publicada no DOU em 29/11/2024

Por sua vez, orienta a NBC TG 20 (R2), que versa sobre custos de empréstimos:

5. Esta norma utiliza os seguintes termos com os significados especificados:
Custos de empréstimos são juros e outros custos que a entidade incorre em conexão com o empréstimo de recursos. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.359/11)
(...)
19. As atividades necessárias ao preparo do ativo para seu uso ou venda pretendida abrangem mais do que a construção física do ativo. Elas incluem trabalho técnico e administrativo anterior ao início da construção física, tais como atividades associadas à obtenção de permissões para o início da construção física. Entretanto, tais atividades excluem a de manter um ativo quando nenhuma produção ou nenhum desenvolvimento que altere as condições do ativo estiverem sendo efetuados. Por exemplo, custos de empréstimos incorridos enquanto um terreno está em preparação devem ser capitalizados durante o período em que tais atividades relacionadas ao desenvolvimento estiverem sendo executadas. Entretanto, custos de empréstimos incorridos enquanto o terreno adquirido para fins de construção for mantido sem nenhuma atividade de preparação associada não se
qualificam para capitalização
. (Redação alterada pela Resolução CFC nº. 1.359/11) (grifos meus).

Enfim, dispõe a NBC TG 12 (R1), que trata de ajuste a valor presente:
15. Na hipótese de aquisição de bens, havendo componente de financiamento na operação comercial, este deve ser expurgado do custo de aquisição correspondente, devendo a despesa de juros decorrente ser reconhecida pela fluência do prazo do financiamento. É importante relembrar que o ajuste de passivos, por vezes, implica ajuste no custo de aquisição de ativos. É o caso, por exemplo, de operações de aquisição e de venda a prazo de estoques e ativo imobilizado, posto que juros imputados nos preços devem ser expurgados na mensuração inicial desses ativos.

Neste contexto, compreende-se que se a empresa comprou o terreno e ainda não tem projeto de utilização a ele direcionado, com base nas normas apresentadas anteriormente, realmente os juros serão contabilizados como despesas. Corrigindo seus lançamentos, temos:

D) Terrenos a Pagar (PC)
C) Disponibilidades (AC - caixa ou bancos)
R$ 573,85

D) Juros Passivos (CR)
C) Terrenos a Pagar (PC)
R$ 293,85   (573,85 - 280,00) 

OBS: De acordo com seu lançamentos, se o valor da diferença de correção fosse creditado na conta caixa, o saldo de financiamento seria eliminado antes do prazo e o caixa teria este valor baixado indevidamente; o valor da diferença pela correção só poderia ser baixado diretamente no caixa com este método de lançamento composto:
D) Terrenos a Pagar (PC)........................................R$ 280,00
D) Juros Passivos (CR).............................................R$ 293,85
C) Disponibilidades (AC Caixa ou Bancos) ..........R$ 573,85

Por outro lado, quando a empresa começar a desenvolver procedimentos de utilização na área, visto que os custos financeiros passarão a compor o custo do bem, os lançamentos poderiam ser da seguinte forma:

D) Terrenos a Pagar (PC)
C) Disponibilidades (AC - caixa ou bancos)
R$ 573,85

D) Terrenos (ANC)
C) Terrenos a Pagar (PC)
R$ 293,85   (573,85 - 280,00) 

ou

D) Terrenos a Pagar (PC)........................................R$ 280,00
D) Terrenos (ANC)...................................................R$ 293,85
C) Disponibilidades (AC Caixa ou Bancos) ..........R$ 573,85

Se as dúvidas persistirem, volte a perguntar.

Notas:
1 - Referências normativas citadas ao longo do texto;
2 - Não foram abordados os conceitos de Passivo Circulante e Passivo Não Circulante, em função do financiamento ser em 240 meses (20 anos), por ser algo indiferente ao tema do debate.

Prof. Ricardo
Professor público de matemática
Contador
Marceneiro de fim de semana
CLÁUDIA MORAL GONÇALVES

Cláudia Moral Gonçalves

Prata DIVISÃO 4 , Contador(a)
há 3 semanas Segunda-Feira | 7 abril 2025 | 17:30

Ricardo boa tarde!

Puxa muito obrigada pela explicação. Isso foi uma aula. Valeu mesmo.

Vendo que vc entende do assunto deixa eu tirar mais uma dúvida?
A empresa é uma igreja e vai construir um  Templo.
Minha dúvida é: os materias de cosntrução vão incorporar ao Terreno? Se sim como será o lançamento. E como será quando esse Terreno virar um Imóvel?

Ricardo C. Gimenez
Moderador

Ricardo C. Gimenez

Moderador , Assessor(a) Contabilidade
há 3 semanas Terça-Feira | 8 abril 2025 | 17:30

Boa tarde,  Cláudia Moral Gonçalves

A empresa é uma igreja e vai construir um  Templo.

Em se tratando de uma Igreja, que é uma entidade sem fins lucrativos, para início de diálogo, a norma cabível seria a ITG 2002 (R1) - Entidade sem Finalidade de Lucros, que em seu item 4 orienta:
"Aplicam-se à entidade sem finalidade de lucros os Princípios de Contabilidade e esta Interpretação. Aplica-se também a NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas ou as normas completas (IFRS completas) naqueles aspectos não abordados por esta Interpretação".
Minha dúvida é: os materiais de construção vão incorporar ao Terreno? Se sim como será o lançamento. E como será quando esse Terreno virar um Imóvel?

Visto que no ITG 2002 (R1) não há muitas informações a respeito de bens do imobilizado, então é aplicado o disposto na  NBC TG 1000 (R1)  – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, especialmente quanto a contabilização de terrenos e edificações, que na Seção 17 - Ativo Imobilizado, prevê o seguinte:
17.8 Os terrenos e os edifícios são ativos separáveis e a entidade deve contabilizá-los separadamente, mesmo quando eles são adquiridos em conjunto

Vale dizer que é prevista a separação dos valores destes dois componentes porque uma edificação fica deteriorada ao longo do tempo e o espaço territorial, salvo raras catástrofes da natureza, sempre estará por lá e do mesmo modo; de fato uma construção é inseparável do terreno, porém, futuramente, o cálculo de depreciação será somente sobre o valor histórico da construção, e não sobre o valor conjunto de construção e terreno.

Em atendimento à sua dúvida, e considerando que é necessário registrar contabilmente a construção em separado do terreno, é necessário observar que a evolução do empreendimento envolve estágios distintos, que de forma sucinta e sem considerar mão de obra, taxas, impostos, encargos sociais e licenças, poderiam ser descritos como:
a) projeto e autorização;
b) aquisição de material;
c) construção (incluindo acabamento);
d) conclusão da obra e averbação.

Na premissa de que a construção será realizada por serviços contínuos - o que implica na aquisição constante de materiais e remuneração periódica (geralmente mensal), conclui-se que a contabilização do andamento da obra será realizada no Ativo Circulante para registrar os valores que fazem parte do processo, como materiais, custos tributários e mão de obra, bem como a materialização progressiva do projeto.

No ativo circulante seria necessário criar um grupo de custos que poderia se chamar "Construção do Templo", que seria subdividido em outros subgrupos como materiais e insumos, mão de obra e despesas tributárias (e outros tipos de desembolsos que podem ser agrupados por semelhança) e periodicamente, com base no controle específico de material utilizado e as despesas com mão de obra e encargos, os custos são deslocados para a conta de Obra em Andamento. Exemplos simplificados:

1 - Ao adquirir materiais e insumos:
D) Materiais e Insumos
C) Disponibilidades (AC) ou Fornecedores (PC)

2 - Ao utilizar o material:
D) Obra em Andamento
C) Materiais e Insumos

OBS: Os demais custos, como folha de pagamento e encargos sociais ou serviços de construtora e impostos retidos, seguem o mesmo raciocínio

3 - Após contabilizar a aquisição e utilização de materiais, que são diretamente alocados à obra em construção, resta transferir os demais custos correlatos, que se não estivessem controlados em contas independentes, eventual revisão ou conferência seriam prejudicadas:
D) Obra em Andamento
C) Demais contas intermediárias do centro de custos

4 - Ao fim da obra, resta transferir o saldo final da conta de construção em andamento:
D) Edificações (ANC)
C) Obras em Andamento (AC)

Saudações.

Prof. Ricardo
Professor público de matemática
Contador
Marceneiro de fim de semana

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