Mesmo diante de uma desaceleração da atividade econômica por causa do aumento das taxas de
juros no país, os empresários ainda apontam a carga tributária como principal problema enfrentado pela indústria. Isso é o que mostra a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem. Segundo o documento, 73% dos grandes empresários entrevistados pela CNI apontam o peso dos impostos como principal obstáculo à expansão dos negócios. Entre os pequenos e médios, o percentual é de 72%.
- O aumento da carga tributária no país, principalmente com a medida provisória 232 (que aumentou a
base de cálculo do IR e da
CSLL para prestadores de serviço), e as altas taxas de juros vão ter impacto na economia ao longo do ano - disse o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
As altas taxas de juros foram o segundo problema mais votado na Sondagem Industrial. Os empresários, sobretudo os exportadores, também destacaram a valorização excessiva do real frente ao dólar como fator de preocupação para as empresas.
A pesquisa da CNI aponta que o ritmo de expansão da economia diminuiu. Isso aparece mais claramente nas grandes empresas porque esse grupo já acumula estoques de produtos e de matérias-primas. Segundo Castelo Branco, as pequenas e médias empresas sentem o impacto da uma desaceleração do crescimento com atraso e, por isso, só devem se dizer menos otimistas nos próximos meses.
- Os dados da sondagem mostram a continuidade do crescimento, mas já há sinais de desaceleração. Os sinais de desaquecimento são mais claros nas grandes empresas, que acumularam estoques de produtos e de matérias-primas - disse o coordenador da CNI.
Segundo a pesquisa, o indicador de produção caiu de 60,1 pontos no terceiro trimestre para 57,6 pontos no quarto trimestre. O indicador varia de zero a cem e valores acima de 50 pontos indicam evolução positiva. Entre as grandes empresas, 49,4% registraram aumento da produção no quarto trimestre. No trimestre anterior, esse percentual era de 65%.
O faturamento da indústria também caiu. Esse indicador passou de 59,9 para 58,2 pontos. Mais uma vez, o indicador das grandes empresas recuou de 66,4 para 61,4 pontos. Já o indicador do nível de emprego permaneceu acima de 50 pontos, ou seja, as indústrias continuam contratando. Mas para as grandes empresas, o indicador passou de 59,4 para 55,7 pontos e, para as pequenas e médias, de 53,7 para 53,1.
A sondagem foi feita com 1.214 pequenas e médias empresas e 199 empresas de grande porte, entre 4 a 25 de janeiro de 2005.
Fonte: O Globo