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Transparência ainda não gera retorno, diz estudo

19/10/2005 00:00:00

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Transparência ainda não gera retorno, diz estudo

Prestar mais informações aos investidores não é garantia de retorno para as empresas. Apesar de contrariar todos os preceitos da governança corporativa, essa foi a conclusão tirada por dois professores que pesquisaram a relação entre custo de capital e transparência nas empresas. Alexsandro Broedel Lopes, da Universidade de São Paulo, e Roberta Carvalho de Alencar, da Universidade de Fortaleza, compararam o custo de capital das 222 companhias listadas em bolsa com as dez empresas tidas como as mais transparentes do mercado. Para escolher quem divulga mais informações aos investidores, os professores utilizaram o prêmio de transparência dado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Nesse concurso, as empresas são escolhidas depois de passarem por um controle técnico da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). Roberta e Lopes selecionaram as dez companhias que mais foram escolhidas pela Anefac nos últimos sete anos. "Nossa conclusão é que, ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil, quem é mais transparente não tem um custo de capital menor", explica Lopes. Essa dedução contraria o resultado de pesquisas sobre o mesmo assunto feitas em outros países, como nos Estados Unidos. Uma das explicações para isso, de acordo com o professor, é o baixo nível de transparência no Brasil. "Se todo o mercado de capitais tem problemas, não será um pequeno grupo de empresas que fará a diferença", avalia ele. No entanto, Lopes afirma que o trabalho dele ainda é um dos primeiros sobre o assunto, por isso não se pode dizer que a conclusão do estudo seja uma regra imutável. Para o professor da USP, outras pesquisas ainda devem ser feitas para se chegar a um consenso. Mas o meio pelo qual os investidores escolhem hoje as empresas pode ser um indício de que o estudo de Lopes e de Roberta não foge muito da realidade. De acordo com Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Senior, a transparência não é ainda o fator determinante de um investimento. "Nessa questão, o Brasil ainda está a reboque do mundo", diz Bandeira. No entanto, o diretor da corretora afirma que a transparência é uma preocupação crescente entre os investidores. "Cada vez mais vai se olhar para isso. Entre duas empresas similares, por exemplo, vou escolher aquela que é mais transparente." O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) contesta o resultado da pesquisa de Lopes e de Roberta. "Não tenho a menor dúvida de que a transparência pesa na redução do custo de capital das companhias", diz Alexandre di Miceli, pesquisador do IBGC. Um exemplo disso, segundo Miceli, é o fato de as empresas que recentemente abriram seu capital no Novo Mercado - nível máximo de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo - terem obtido elevados múltiplos, comparáveis a empresas do mesmo setor no exterior. "Isso indica que a empresa captou recursos de uma forma mais barata."

Fonte: CRC-SP

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