De acordo com o Banco Central (BC), a conjuntura de incerteza nos mercados financeiros que marcou a primeira metade de 2013 “atestou a percepção do baixo risco de liquidez e da resiliência do sistema bancário brasileiro”.
A observação está no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) divulgado pela instituição nesta quinta-feira. De acordo com o documento, o Índice de liquidez (IL) permaneceu elevado apesar da queda no valor em estoque de títulos públicos federais (TPF) e de maior vinculação de ativos líquidos para atender ao aumento de demanda por garantias em bolsa, decorrente do aumento de volatilidade nas taxas de juros e de câmbio.
O Índice de Liquidez do sistema bancário comercial recuou de 1,91 para 1,63 no primeiro semestre em razão da redução dos ativos de alta liquidez. Nessa métrica, quanto maior o número, mais confortável é a situação de liquidez das instituições financeiras. Esse índice representa a relação entre os ativos mais líquidos do sistema bancário e os compromissos que a instituição teria de cumprir em um prazo de 30 dias em um hipotético cenário de estresse.
Embora o Índice de Liquidez tenha se reduzido, principalmente ao fim do semestre, a queda foi, em parte, amenizada pela menor velocidade na expansão do crédito nos bancos privados, diz o BC.
“No período, a percepção de baixo risco de liquidez no sistema bancário brasileiro foi reforçada pela manutenção de níveis de liquidez confortáveis, mesmo tendo havido elevação da estrutura a termo da taxa de juros e aumento da volatilidade nos mercados”, nota o relatório.
Indicadores de liquidez melhoram no 2º semestre
De acordo com o diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, a situação de liquidez do sistema financeiro melhorou de 30 de junho para cá. O diretor apresenta o Relatório de Estabilidade Financeira (REF).
Segundo Meirelles, o Índice de Liquidez do sistema caiu no primeiro semestre em função de um “teste de estresse” real enfrentado pelo sistema ao longo do segundo trimestre quando o mercado passou a precificar uma mudança na política monetária dos Estados Unidos.
Essa movimentação de mercado mudou de forma acentuada as taxas de juros e taxa de câmbio, o que acabou afetando o Índice de Liquidez. Ainda assim, conforme explicou o diretor, o resultado é confortável, já que a linha de corte por assim dizer é um índice de 1, ou seja, um ativo líquido para cada unidade de passivo dentro de uma perspectiva de estresse.
De acordo com o diretor, houve um “overshooting” durante o segundo trimestre, e a reversão desse quadro é o que explica a melhora no índice de liquidez desde então.
Meirelles também disse que individualmente nenhuma instituição teve problema de liquidez nos testes efetuados pelo BC. Ele também explicou que “não há problemas no segmento de bancos médios e pequenos”.
Alex Ribeiro e Eduardo Campos,
Fonte: Valor Economico