“A situação da Previdência é critica porque a revolução demográfica já aconteceu. Estamos ficando velhos”, comentou Delfim Netto, que participa do seminário Brazil Energy Frontiers 2013, nesta quinta-feira, em São Paulo.
Para ele, é preciso construir um sistema previdenciário sustentável, em que haja equilíbrio entre contribuições e benefícios. “Se as pessoas vão viver 80 anos, não podem ir para casa com 45”, afirmou.
Na quarta-feira à noite, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a perspectiva da nota de crédito do Brasil (atualmente em Baa2) de positiva para estável citando, entre outros motivos, a alta relação entre dívida bruta e PIB, em torno de 60%, “significativamente mais elevada que a média de 45% dos países com rating Baa”. A Moody’s ainda citou o enfraquecimento do ritmo da economia e a queda na taxa de investimento, que passou de 20,2% do PIB em 2010 para 17,6% do PIB em 2012.
Em junho, outra agência, a Standard & Poor’s também rebaixou a perspectiva da nota do Brasil, de estável para negativa, sob argumentos similares. Em julho, a Fitch reafirmou o rating do país.
O economista também criticou a ineficência da gestão pública no Brasil. Segundo Delfim, o país não sofre com falta de recursos. O problema está na má gestão, de acordo com Delfim Netto. Para ele, o país desperdiça recursos, tornando sua economia ineficiente.
“De cada R$ 1 aplicado na saúde, por exemplo, só R$ 0,10 chega à população porque o resto é consumido pelo sistema”, afirmou. “Quando o Brasil crescia, o governo consumia e distribuía 19% do PIB. Hoje o governo consome e distribui 38% do PIB, o dobro. Se eu transfiro recurso do setor mais eficiente, que é o privado, para o menos eficiente, que é o governo, a taxa de crescimento diminui.”
Segundo Delfim Netto, durante 32 anos o Brasil cresceu em média 7,5% ao ano, com carga tributária de 24% e o governo investia 5% do PIB. Com certa indignação, ele destacou que atualmente a carga tributária é de quase 40% e o governo investe 2% do PIB. “Temos que cobrar dos governantes o que queremos. Eu vivi 24 anos no Congresso. O pior mecanismo de convencimento no Congresso é a lógica”, disse, acrescentando que o brasileiro tem um dia a cada quatro anos para demonstrar seu descontentamento nas urnas
Francine De Lorenzo
Fonte: Valor Econômico