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Pequena empresa demanda estratégia para eventos

Com a Copa do Mundo de 2014 batendo à porta, o Brasil ainda não possui ações multissetoriais que visem promover o aproveitamento da pequena empresa dentro do montante que megaeventos internacionais costumam trazer para os países-sede.

05/11/2013 06:05

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Pequena empresa demanda estratégia para eventos

Com a Copa do Mundo de 2014 batendo à porta, o Brasil ainda não possui ações multissetoriais que visem promover o aproveitamento da pequena empresa dentro do montante que megaeventos internacionais costumam trazer para os países-sede. O artesanato e acesso ao crédito contam com incentivos da Secretaria da Micro e Pequeno Empresa (SMPE), setores como comércio e alimentação recebem orientações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), presidido por Luís Barretto, mas são ações segmentadas. A indústria, por exemplo, se sente excluída das benesses. O preparo dos pequenos empresários dos segmentos que de fato serão beneficiados também aparece como uma dificuldade. Se é consenso que a Copa deve abrir oportunidades, existe um receio quanto à capacidade do pequeno empresariado de ocupar esse espaço. 

"Precisamos orientar os empresários para estarem antenados de que a oportunidade existe, eles podem atender ou não. Se a gente não tiver essa perspectiva, corremos sério risco de ter uma migração de recursos, perda de postos de trabalho e de renda", afirmou Paulo Alvim, gerente da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional. Ele lamenta, ainda, acreditar que a maior parte dessas oportunidades não será ocupada. 

Em estudo feito pela instituição, sinalização externa, acessibilidade, tabelas e menus bilíngues, identidade visual da marca e sustentabilidade aparecem como pontos mais críticos dos pequenos negócios. O Sebrae acompanhou o desempenho do setor em Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, cidades-sedes da Copa das Confederações, para poder traçar um perfil dos pontos positivos e do que precisa ser melhorado para o mundial de futebol do ano que vem. 

As três capitais apresentaram bom desempenho em itens ligados a segurança e saúde, mas no que diz respeito a comunicação e atendimento ao cliente, os negócios foram avaliados abaixo dos 50, em uma escala de zero a 100 pontos. A região do entorno do estádio do Maracanã foi a que teve a melhor avaliação, mas se saiu mal quanto aos preços. 

Um dos pontos que o estudo destaca é a importância dos elementos cultura e identidade local. Nessa via, SMPE e Ministério da Cultura estão em uma parceria para levar produtos de artesanato de todos os estados brasileiros para as Fanfests, realizadas nas doze cidades-sedes da Copa. No caso de pequenos empresários que queiram implementar as melhorias sugeridas pelo estudo do Sebrae, a assessoria de imprensa da pasta informou que estão sendo feitas negociações com instituições financeiras no sentido de viabilizar o acesso ao crédito por parte do micro e pequeno empresário, principalmente para que eles possam captar recursos para comprar equipamentos, "o que hoje em dia é praticamente impossível", disse a assessoria. 

Com uma ação integrada, o montante a ser aproveitado pela economia poderia passar de R$ 150 bilhões, é o que indica o gerente da área de esportes da consultoria BDO, Pedro Daniel. "O impacto na economia do Brasil é muito grande. Em uma perspectiva de empregos é de quase um milhão, indiretos e diretos. Se ele [o pequeno empresário] vem preparado e consegue suprir essa demanda nacional e internacional, de fato isso é benéfico". 

Paulo Alvim disse que o Sebrae trabalha com uma meta de que o pequeno empresário abocanhe cerca de 20% do volume de recursos circulantes por conta da Copa, "mas os números estão muito aquém do esperado", afirmou. 

Para o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, Joseph Couri, tanto a Copa do Mundo quanto as Olimpíadas vão beneficiar áreas como comércio, serviços e vestuário, mas ressalta que o aumento de demanda tem dois lados. "O positivo, que é a alta de demanda propriamente dita, e o lado negativo, que é o grande desafio que o Brasil enfrenta de infraestrutura, logística e transporte. Como se preparar para isso é uma grande roleta russa, vai depender da condição de cada empresário poder buscar oportunidades", afirmou. 

Couri também destaca que a expressão dos megaeventos na pequena indústria será menor do que poderia, por conta da falta de negociação do governo, que resultou em um grande volume de produtos sendo comprados de empresas estrangeiras que têm contrato com a Fifa. "Não tem nenhuma micro e pequena indústria nesse rol que tem contrato com a Fifa. Tem cidades inteiras na China fabricando produtos para a Copa do Mundo no Brasil."


Victória Mantoan

Fonte: DCI-SP

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