No âmbito estadual, por exemplo, os produtos que chegam de fora do País passaram a ser tributados com alíquota única de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 4% nas operações interestaduais, em vez de 7% ou 12%. A mudança veio com a Resolução 23 do Senado Federal cujo objetivo é colocar ponto final na guerra fiscal entre os Estados, dos quais alguns se valiam de incentivos fiscais para tornarem seus portos mais atrativos ao recebimento de produtos importados.
Em nível federal, a Medida Provisória nº 627, aprovada pelo Congresso, modificou a forma de apuração de impostos e contribuições do lucro real, presumido e arbitrado. Os impactos dessa MP ainda estão sendo avaliados pelas empresas e o assunto virou prioridade na grade de palestras e cursos das consultorias, com novos desdobramentos para o próximo ano.
As empresas também foram obrigadas a se adequar a mudanças na forma de se comunicar com o fisco, na esteira do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Vários braços desse ambicioso projeto iniciado em 2006 para integrar e padronizar as informações entre os fiscos foram abertos, pegando primeiro as grandes corporações tributadas pelo lucro real até chegar às empresas menores.
Chega o e-Social
Na opinião dos especialistas, trata-se da etapa mais complexa do projeto por envolver número expressivo de informações a serem repassadas e impõe uma gestão compartilhada nas empresas, além do fato de ser obrigatória para todas as companhias, incluindo as enquadradas no Simples e até os microempreendedores individuais (MEIs). Estima-se que o sistema vai atingir mais de seis milhões de empresas.
Em 2015, autarquias do governo entram na lista da obrigatoriedade. “Mais do que uma obrigação legal, o e-Social representa uma grande mudança nas empresas já que impõe um alto grau de organização dos processos relacionados ao departamento pessoal e a gestão de pessoas, o que mudará a forma como as organizações tratam suas relações trabalhistas”, afirma o gerente de produtos da WK Prosoft, Heverton Gentilim.
O leiaute dos arquivos que compõem o e-Social já foi aprovado, conforme o Ato Declaratório Executivo nº 5/2013, publicado no dia 18 de julho. E a Receita Federal já divulgou quatro cronogramas diferentes para o início do projeto, que tem a participação da Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Ministério da Previdência (MPS) e Ministério do Trabalho e Emprego (TEM).
O último estabelece que as empresas tributadas pelo lucro real têm até o dia 30 de junho para realizar o cadastro no sistema. No mês seguinte, informações sobre a folha de salários e apuração dos tributos deverão ser enviadas no formato digital. Empresas do Lucro Presumido, Simples Nacional e Microempreendedores Individuais devem fazer o cadastro até o dia 30 outubro. E o envio das informações deve começar em novembro. Em janeiro de 2015 está prevista a criação do módulo de reclamações trabalhistas.
Cadastro saneado
De acordo com Heverton Gentilim, há uma forte demanda em sanear os dados cadastrais existentes e complementá-los com os novos campos determinados pela Receita Federal. “Considerando a existência de um grande número de funcionários, o trabalho de ajuste de todos esses dados torna-se grandioso e de execução crítica. Por isso é tão importante que as empresas iniciem os trabalhos e conheçam desde já as novas exigências”, alerta.
Fonte: Diário do Comércio – SP