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197 dias de trabalho são do governo

28/06/2010 00:00:00

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197 dias de trabalho são do governo

Pobres trabalham mais tempo que os ricos para saldar a conta dos impostos

Quem recebe até dois salários mínimos paga 53,9% do que ganha em impostos, segundo o livro "O Dedo na Ferida: Menos Imposto, Mais Consumo", baseado em estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e em mil entrevistas. Para isso, tem que trabalhar 197 dias. Já quem ganha mais de 30 salários mínimos gasta 29% da renda com tributos, o equivalente a 106 dias de trabalho no ano.

Considerando o peso maior dos impostos e tributos sobre a produção e o consumo, a advogada tributarista do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Letícia Amaral, não tem uma boa notícia para a classe baixa. "Se considerar exclusivamente toda a carga tributária sobre os produtos que ele consome de primeira necessidade, como alimento, vestuário e imóveis, até o mais supérfluo, ele vai pagar tanto quanto a classe média ou o rico", constatou.

Alimentos
Depois de entrevistar mil pessoas adultas de 70 municípios de diferentes regiões do país, o autor do livro, Alberto Carlos Almeida, se surpreendeu com as respostas. "Meu filho pediu para eu comprar Danone. Não consigo. Eu compro sempre arroz, feijão, macarrão, fubá, farinha e batata. Se tivesse menos imposto, a comida seria mais barata e eu poderia comprar outras coisas", disse um dos entrevistados da classe C cuja resposta é reproduzida no livro de Almeida.

Quando se analisa apenas a tributação incidente sobre os alimentos, quem recebe menos paga mais. O rico que vai ao supermercado paga o mesmo preço pelo produto, mas gasta uma fatia bem menor do seu salário com a alimentação. A discrepância mostra que, no Brasil, o apetite do governo incide mais sobre o consumo e a renda do que sobre o patrimônio.
Almeida, que também é presidente do Instituto Análise, afirma que a população pobre sabe, em sua grande maioria, que paga impostos toda vez que vai ao supermercado. "A população acredita que, se os impostos fossem menores, poderia comprar coisas melhores para a cesta de alimentos". A única coisa, de acordo com o autor, que o brasileiro não aceita é diminuir direitos trabalhistas para reduzir impostos.

A desvantagem incomoda até quem está livre do Imposto de Renda. A zeladora Nilza Soares, 57, ganha um salário e é isenta. Mas se sente impotente. "O que a gente pode fazer? A juventude não sabe escolher governantes", disse.


Brasil é o terceiro que mais cobra tributos
O Brasil ocupa o terceiro lugar na lista dos países em que as pessoas pagam mais tributos. Em primeiro fica a Suécia, seguida da França. "O Brasil está acima de países como os Estados Unidos, Canadá, Japão e Inglaterra, ou seja, das maiores potências mundiais", comparou a advogada Letícia Amaral, que considera a posição "uma covardia".

Para o tributarista Ives Gandra, falta vontade política. "O governo não tem interesse em divulgar e a população não tem informação. É preciso criar ONGs que façam a divulgação", defendeu Gandra.

Para Letícia Amaral, o ideal seria a unificação. "Deveriam juntar num único tributo o IPI, que incide sobre a produção; PIS/COFINS, sobre o faturamento das empresas; e a Contribuição para Educação".

O soldador Expedito José de Souza, 42, tem rendimento mensal líquido de R$ 511 e ficou assustado ao saber que paga 53,9% do que ganha em impostos. "Se a gente não pagasse tanto, daria mais conforto à família", avaliou o soldador.

Souza não considera que o governo está administrando bem o dinheiro arrecadado. "Tenho que enfrentar a madrugada para pegar ficha do SUS. Para melhorar, depende da gente exigir mais dos políticos", contou o soldador.

Fonte: O Tempo

Enviado por: Wilson Fernando de A. Fortunato

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