Essa semana, durante um encontro com um cliente, ele me trouxe novamente uma velha frase, quando relatava a dificuldade em contratar bons profissionais: “contratamos as pessoas por suas habilidades técnicas, e demitimos essas mesmas pessoas por falhas comportamentais”. Muitos de nós, profissionais de RH, já ouvimos essa máxima sobre a seleção de colaboradores. E apesar de fazer todo o sentido e em 99,9% dos casos haver concordância com essa expressão, por que ainda esse fenômeno acontece?
Durante minha atuação como consultor junto a dezenas de empresas, uma razão que encontrei é seguramente o fato das organizações não possuírem o que é exigido para o desempenho da função totalmente definido. Poucas possuem a descrição da função estruturada, havendo falhas de entendimento que vão desde os comportamentos exigidos, até mesmo nas atividades que serão desempenhadas por seu ocupante.
Se a organização não sabe corretamente os processos e as atividades decorrentes, como definir as competências que são exigidas para o seu cumprimento? Sem essas competências, a avaliação do candidato é prejudicada, pois privilegiamos os aspectos cognitivos ou, ainda, avaliamos erroneamente as questões comportamentais.
Não trago nada novo até aqui. Sempre houve debates sobre essa questão, que parece já quase esgotada. Mas como diz o ditado popular, “O óbvio tem que ser dito”.
Um método que vem sendo utilizado pela área de RH para melhorar essa definição de competências é a chamada “Modelagem de processos de negócio” ou Business Process Modeling (BPM). Originalmente difundido e ligado a processos de TI ou a Engenharia, o BPM vem sendo utilizado com sucesso por algumas empresas, onde ocorre significativa melhora no mapeamento das funções.
Através dele, o RH se apropria de uma visão sobre os processos, subprocessos e atividades inerentes, juntamente com os líderes de área. Através da modelagem, identificam-se os conhecimentos, habilidades e comportamentos necessários para a sua execução. Esse formato aumenta a eficácia na definição das funções, pois amplia o entendimento de todos os aspectos relativos a sua execução.
Com a melhoria da definição dos requisitos para a função, a organização aumenta a efetividade do seu processo de seleção, pois avalia de forma assertiva as competências realmente essenciais para seu cumprimento. Além disso, o acompanhamento e a avaliação do colaborador tornam-se mais pragmáticas, facilitando o processo de desenvolvimento e diminuindo a curva de aprendizado. Sabendo claramente o que é esperado, a máxima citada no início do artigo e outras mais que escutamos pelo mercado podem aparecer com muito menos frequência do que habitualmente estamos acostumados a ouvir.
Por Raphael Santoro
Fonte: Administradores