Além da inflação, neste mês os consumidores também precisam ficar atentos aos impostos, que vão representar praticamente a metade dos valores gastos nas compras de Páscoa.
Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que os impostos chegam a representar até 55% do preço final de itens mais consumidos nesta época.
O ovo de Páscoa de R$ 40, por exemplo, custaria R$ 34, 15% menos, se carga tributária praticada hoje, de 38%, caísse pela metade.
“Quanto menos essencial o bem, maior é o imposto embutido nele. Por isso que o impacto nesses itens de Páscoa é grande”, diz o economista Edgard Monforte Merlo, professor da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade de Ribeirão (FEA-RP/USP).
Ainda segundo Merlo, o peso dos tributos é ainda maior para as bebidas alcoólicas e importados.
Segundo Keily Hanssen Souza de Almeida, dono de um empório que vende azeites, alimentos importados e bacalhau, sem os impostos os preços seriam bem menores e as vendas maiores.
“Além desse peso, é tudo muito confuso, falta clareza. No caso dos importados, por exemplo, existe o que chamamos de bitributação, é cobrado o imposto pela importação e depois na venda”, diz.
Para Fernanda Claudia Martins, atendente de uma loja que vende presentes e chocolates, além do sistema complexo de recolhimento de impostos, falta conscientização dos consumidores.
Interesse
“A gente sabe que o imposto judia, mas por outro lado, as pessoas nem querem saber muito sobre o imposto”, comenta Fernanda.
“Não tem esse interesse. O cliente poderia optar por um produto nacional, para pagar menos, mas vai e compra um importado que o custo é bem maior por causa do imposto.”
A dona de casa Marlene Dias, 43 anos, sabe que nos produtos de época os impostos pesam mais, e para fugir disso, acaba verificando o preço final. “Não tem como fugir, a melhor forma é tentar adaptar e comprar o mais barato.”
‘Consumo seria maior com menos tributos’
Além de pesar no bolso, a alta carga de impostos também atrapalha a evolução da economia em geral.
Segundo o economista Edgard Monforte Merlo, professor da FEA-RP/USP, o peso dos tributos tira a competitividade dos produtos nacionais.
Já para João Eloi Olenike, presidente executivo do IBPT, os consumidores poderiam consumir mais se não houvesse o excesso de tributação.
“Os produtos da Páscoa normalmente são superonerados de tributos. Com menos carga tributária, maior seria a demanda de emprego e renda.”
No empório de Keily Hanssen Souza de Almeida, a movimentação de vendas, que já começou neste ano, poderia ser melhor se não fossem os impostos. “Seria mais barato.” A expectativa é que as vendas dobrem nas próximas semanas, em relação ao restante do ano.
Fonte: Jornal da Cidade