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Aliados mapeiam bancadas para evitar surpresas na votação do mínimo

14/02/2011 10:16:53

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Aliados mapeiam bancadas para evitar surpresas na votação do mínimo

Disposta a tudo para mostrar que a ampla base governista nem é tão grande assim, uma maioria de oposicionistas decidiu desembarcar do valor do salário mínimo de R$ 600, deixando o ex-candidato a presidente José Serra um tanto isolado. O DEM, por exemplo, apresentará uma emenda com um mínimo de R$ 560, conforme acordo fechado com as centrais sindicais e, assim, tentar agregar votos nos partidos aliados ao governo. Ontem, por exemplo, o líder do DEM, ACM Neto (BA), contabilizava os votos do PDT, do PV e ainda esperava alguns do PSDB: “Com essa emenda, vamos agregar o que der”, comentou ACM Neto, que chega hoje em Brasília para sedimentar apoios.

José Serra fez o mesmo na semana passada quando esteve em Brasília e se reuniu com a bancada do PSDB na Câmara e almoçou com os senadores do partido. Nos dois encontros, não só defendeu o salário mínimo de R$ 600, como elencou uma série de cortes que, segundo ele, o governo ainda não fez, para cobrir as despesas decorrentes do reajuste mais elevado. O líder da Minoria, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), saiu do encontro disposto a defender os R$ 600. E continuará nessa linha: “Seremos coerentes com o que defendeu o candidato do partido na campanha”, disse ele (leia mais nesta página).

Com a oposição dividida entre R$ 600 e R$ 560, o governo calcula que tem tudo para vencer. A presidente Dilma Rousseff convocou os líderes governistas para uma reunião hoje às 10h, a fim de expor os dados, falar do corte de R$ 50 bilhões, que deve ser detalhado ainda esta semana, e contar os votos em favor do mínimo de R$ 545. “A proposta da oposição não tem critério. Só estão buscando o que consideram mais fácil para derrotar o governo. O país não está mais na fase de demagogia”, diz o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Os petistas também chegam cedo à cidade para debater internamente se devem fechar questão na votação mínimo, uma atitude que, se for adotada, obrigará todos os deputados do partido a votar com o governo. Quem descumprir, estará sujeito à suspensão ou expulsão justamente num momento em que os petistas escolhem quem vão indicar para comandar as comissões técnicas da Câmara que couberem ao partido. Dentro do governo, há quem defenda que o PT não feche questão, de forma a deixar a presidente Dilma mais ciente de quem são aqueles com quem ela pode contar em qualquer hipótese.

Na bancada, por enquanto, o clima não é de tanta ansiedade. “As centrais sindicais ganharam nos oito anos do presidente Lula e, depois, fizeram um acordo que está valendo, que é a concessão do reajuste pelo PIB de dois anos anteriores mais inflação. Agora não é justo quererem rasgar um acordo que elas mesmas fizeram”, diz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP).

Contatos
No PMDB, também será a hora de o partido votar favoravelmente com o governo. O líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves, passou os últimos dias em contatos telefônicos com os integrantes da bancada para dizer que é hora de mostrar ao governo a lealdade do PMDB em temas sérios. Na terça-feira, quando o vice-presidente da República, Michel Temer, for à Câmara para discutir a reforma política com a bancada, aproveitará para reforçar a necessidade de o PMDB votar com o governo. Do Rio, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ficou semanas em litígio com o Planalto por causa da presidência de Furnas, quer mostrar que tudo é passado. Votará pelos R$ 545. O mesmo fizeram o PR e o PP.

A votação está prevista para terça-feira no início da noite, mas só deve ocorrer mesmo na quarta-feira. Os partidos fecharam um acordo de procedimento com o líder do governo para que não haja obstrução. Significa que todos terão que escolher entre os três projetos — os R$ 545 do governo, os R$ 600, do PSDB, e os R$ 560, do DEM. Dilma já orientou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário executivo, Nelson Barbosa, a ficarem à disposição dos partidos para eventuais esclarecimentos. É voz corrente na Câmara que governo em início de mandato não perde. Dilma não deseja quebrar a tradição.

Cálculos definidos
Governo e centrais sindicais fecharam acordo no fim de 2006 e que entrou em vigor em 2007 para a definição do salário mínimo. A negociação estabeleceu que o valor deve ser reajustado conforme a inflação no ano anterior pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e um adicional representado pelo crescimento do PIB de dois anos antes. Por esse critério, adotado na proposta, o mínimo subirá 5,52%, correspondente ao INPC previsto para este ano. Como em 2009, o PIB caiu 0,2%, o governo não usará a variação do PIB no cálculo do novo mínimo. O governo defende o valor como forma de manutenção do acordo.

Oposição mostra otimismo

Alçado à condição de líder da Minoria por tucanos e democratas, o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), 47anos, defenderá em plenário o salário mínimo proposto por José Serra na campanha. “Em visita à Câmara, o ex-governador José Serra debateu com a bancada e apresentou estudos consistentes”, disse ele, elencando os números que podem resultar numa economia de R$ 17 bilhões: “Serra sugeriu cortes de R$ 5 bilhões no custeio, R$ 5 bilhões em subsídios do BNDES, R$ 2 bilhões com o saneamento de estatais, R$ 2 bilhões com redução do empreguismo na Petrobras, na Eletrobras e nos Correios. Um bilhão de reais em gastos corporativos com passagens e cartões de crédito, R$ 1 bilhão em publicidade e R$ 1 bilhão com cargo em comissão”, diz o líder, que considera a redução desses gastos suficientes para melhorar o salário mínimo.

“Temos absoluta certeza de que, tal qual uma economia doméstica, ainda que mais complexa e guardadas as devidas proporções, a regra é a mesma: cortando os supérfluos é possível gerar reservas que permitam investimentos. E nada melhor do que investir na melhora da condição de renda e de consumo do brasileiro de menor renda”, completa. (DR)

Fonte: Correio Braziliense

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