O crescimento das pequenas empresas de comércio está em desaceleração. A Pesquisa Conjuntural do Pequeno Varejo da Fecomercio (Federação de Comércio de São Paulo) indica que o faturamento das lojas fechou abril com alta de 5,3% em relação a março. O resultado é positivo, mas menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado, que foi 7,6%.
"O relevante é isso", diz o assessor econômico da Fecomercio, Fabio Pina. "É um dado positivo, mas numa velocidade menor." De acordo com o analista, a desaceleração vai continuar. "A tendência é essa, embora minha experiência diga que é melhor esperar para ver os resultados", diz o assessor.
Segundo Pina, a diminuição na marcha do faturamento tem como motivo a perda de ritmo da concessão de crédito e do aumento dos rendimentos da população. "A renda cresce, mas não é suficiente para sustentar o pequeno varejo", explica.
Setores - A pesquisa aponta que dos sete setores do comércio, três estão em alta. Os destaques são em alimentos e bebidas (alta de 16,1% entre abril de 2005 e abril de 2006) e vestuário, tecidos e calçados (10% no mesmo período).
De acordo com Pina, o aumento se deu porque esses setores são mais sensíveis ao aumento de renda. "Enquanto a renda média ficou cerca de 3% maior, nas periferias esse ganhou foi mais forte. E são nessas regiões que estão as pequenas empresas de comércio de alimento e vestuário", explica.
Com as roupas, Pina conta que ainda existe outro fator que ajuda: o clima. "A mudança de estação está muito mais marcada. Tivemos invernos em que não esfriou por cinco ou seis anos. Então as pessoas abriam os armários e viam que tinham jaquetas e casacos que nunca usavam, e decidiam que não precisavam comprar mais. Só que a partir do ano passado o clima ficou mais frio e os consumidores começaram a ir atrás de agasalhos", conta.
Por outro lado, setores como venda de autopeças e de materiais de construção tiveram quedas expressivas - 14,2% e 15,9%, respectivamente. Segundo o analista da Fecomercio, a queda no faturamento das lojas de peças tem relação com a queda dos preços - especialmente com a entrada de produtos chineses, ajudados pelo câmbio - e pela confiança que os consumidores desse setor têm com lojas maiores. "Se o cliente quer uma peça mais sofisticada, ele não vai para o comércio pequeno. Ele confia mais nas grandes redes", conta.
No caso dos materiais de construção, Pina culpa o desempenho ruim do segmento de construção civil. "Cheguei a pensar que haveria mercado melhor no começo do ano, quando disseram que haveriam mais investimentos para construtoras. Mas isso não aconteceu", lamenta.
Fonte: Diário OnLine