Pense em um amigo.
Aquele com quem você pode contar. Para buscar no aeroporto, pedir um conselho ou uma orientação. Aquele que fica contigo quando alguém querido vem a falecer e sempre pergunta se você está precisando de algo.
Aquele que te lembra de viver a vida melhor, cuidar do corpo e comer direito. Aquele do qual você sabe mais que o nome, a comida preferida, o time do coração: aquele pra quem você se DOA a qualquer momento, em qualquer circunstância, não importa a situação.
Um estudo feito na Universidade de Oxford entre 2010 e 2011 afirma que o nosso cérebro é capaz de administrar até 150 amigos ao mesmo tempo, divididos em círculos de 5, 15, 50 e 150 pessoas, com níveis diferentes de profundidade.
Isso é antigo: Aristóteles afirmava que cinco era o número ideal de amigos verdadeiros. Segundo o estudo, 15 são os amigos próximos, para quem você realmente dedica atenção, e 50 é o que a maioria de nós possui em agrupamentos diferentes – semelhante a grupos de caça (mas acho que ninguém lembra).
E o que isso tem a ver com RH?
O ser humano é um bicho criado para o pertencer.
Gratidão, muitas vezes, é a força motriz que te faz agir em benefício do outro. Companheirismo e senso de grupo são fundamentais para que algo seja construído.
Pagar um bom salário, ter bons benefícios e uma promissora trilha de carreira podem, sim, fazer a diferença. E devem, sim, estar no rol de prioridades da sua empresa.
Só quero dividir com você um pedaço do pulo do gato: profissionais não possuem uma chave comutadora que muda, automaticamente, para o modo “trabalho” ao bater o ponto de entrada.
Depois que entram na empresa, levam seus problemas, ansiedades e tudo o mais que for humano junto com eles. NÓS somos assim.
Então, o que vai fazer a diferença mesmo, de verdade, é a demonstração de que você SE IMPORTA, como faria com um amigo. Se esse for um sentimento genuíno, claro. Demonstrar interesse e oferecer ajuda, dentro do que for possível, porque empresa privada não pode abrir mão, por exemplo, de lucratividade pra fazer caridade. Não estamos falando disso.
Estender a mão não é assumir o problema do funcionário. Não é passar a mão na cabeça. É, simplesmente, estar presente na dificuldade dele, como você gostaria que ele estivesse presente na sua e de sua empresa. Porque, afinal, é uma relação de TROCA.
Funcionários, por acaso, são seres humanos. Nunca é demais lembrar. E você, como empreendedor, deveria ocupar, pelo menos, uma cadeira entre os 15 primeiros relacionamentos da vida deles. Vale a pena e não precisa de muito. Mas isso é assunto pra uma próxima conversa.
Por:ANA GOMES
Fonte: Diário do comércio