A elevação da Selic segue expectativa publicada por economistas no Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (27). O relatório projetou uma inflação de 8,25% em 2015.
O professor de Finanças Públicas da USP, Adriano Henrique Rebelo Biava, avalia que quanto maior é o aumento da taxa, menores são seus efeitos efetivos sobre a economia. Ele destaca que "em uma economia que está precisando crescer, o aumento da Selic tem como consequências diretas a redução de investimentos e o aumento da dificuldade que o governo enfrenta para pagar suas dívidas".
"A inflação atualmente está muito elevada por conta de uma compressão de tarifas públicas no passado, como os benefícios e incentivos fiscais, além de um aumento de custos sobre a energia elétrica causada pela crise hídrica e o aumento do preço da gasolina. A alta inflação enfrentada no país se dá mais por conta de reajustes de custos do que por um aumento da demanda, até porque a economia está desaquecida", completa o professor.
O Copom retomou o ciclo de elevações da Selic em outubro do ano passado. Desde então, a taxa, que estava em 11% ao ano, acumula alta de 2,25 ponto percentual.
Biava acredita que medidas como um trabalho de fomento da produção nacional deveriam ser adotadas pelo governo, principalmente nos setores de produção de remédios e transportes públicos, para diminuir os efeitos negativos que a alta inflação tem sobre as populações de baixa renda. "A expectativa de aumento da taxa é criada pelo mercado financeiro. Um estudo sobre os impactos desse aumento deveria ser conduzido de forma cautelosa".
Seguindo caminho inverso, o Banco Central americano decidiu manter a taxa de juros do país em 0,25%, mesmo nível praticado há seis anos, apesar de apontar desaceleração na economia dos Estados Unidos nos últimos meses.
A 190ª reunião do Copom teve a participação do seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.
Por: Luís Guilherme Julião
Fonte: Jornal do Brasil