As estimativas dos analistas do mercado financeiro para o nível de atividade da economia brasileira e para a inflação deste ano e também de 2016 registraram piora na semana passada, segundo o relatório de mercado do Banco Central, também conhecido como focus, divulgado nesta terça-feira (13). O documento é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
A previsão dos economistas dos bancos é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano de 2015 em 9,70% – na semana anterior, a taxa esperada era de 9,53%. Se confirmada a estimativa, representará o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando somou 12,53%. Essa foi a quarta alta seguida no indicador. O BC informou recentemente que estima um IPCA de 9,5% para este ano.
Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 5,94% para 6,05% na última semana. Foi a décima alta seguida do indicador – que, pela primeira vez, ultrapassou a barreira dos 6% e que continua se distanciando da meta central de 4,5% fixada para o ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Produto Interno Bruto
Para o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,97%. Foi a décima terceira queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 2,85% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras baixaram de 1% para 1,2% a expectativa de contração na economia do país. No início de 2015, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
No fim de agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou retração 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores, e o país entrou na chamada “recessão técnica”, que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos de queda. De janeiro a março deste ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado revisado).
Taxa de juros
Após o Banco Central ter mantido os juros estáveis em 14,25% ao ano no começo de setembro, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa subiu de 12,50% para 12,63% ao ano – o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 permaneceu em R$ 4 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 4 para R$ 4,15.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 12 bilhões para US$ 12,99 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit avançou de US$ 24 bilhões para US$ 25 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil recuou de US$ 64 bilhões para US$ 61,5 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte recuou de US$ 61 bilhões para US$ 60 bilhões.
Fonte: G1