- O avanço das reformas estruturais que melhorem a situação fiscal do país. A aprovação em primeiro turno da PEC do Teto de Gastos na Câmara dos Deputados aconteceu sem que a proposta original do governo tivesse sofrido avaliações relevantes - Checked!
- A convergência das expectativas de inflação para o centro da meta de 4,5% em 2017. As previsões mais recentes dos economistas de mercado ainda não chegaram aos 4,5% para o IPCA do ano que vem, mas estão no caminho. As estimativas têm recuado gradualmente e estão agora em 5,04%. Há três meses os analistas ouvidos pelo próprio BC esperavam um IPCA de 5,30% para dezembro de 2017. Checked!
- O processo de desinflação da economia. O resultado do IPCA de setembro (0,08%) foi a melhor surpresa dos últimos tempos. Não só porque o número veio bem abaixo das previsões, mas principalmente porque o processo inflacionário resfriou com o recuo da difusão da alta dos preços, ou seja, a quantidade de preços de produtos que subiram no mês passado diminuiu. Checked!
- A inflação de serviços. Este tem sido um calcanhar de Aquiles do BC porque os preços dos serviços têm permanecido em níveis elevadíssimos há anos, bem acima da inflação total. Depois de passar muito tempo rodando entre 8% e 9%, o índice finalmente começou a recuar e já beliscava os 7%. O recuo ainda é frágil e volátil, já que nos últimos dois meses a inflação de serviços subiu - a despeito da queda continua do PIB. Parece que a trajetória de queda é consistente, mesmo que aconteçam alguns suspiros pontuais. O comportamento destes preços está muito ligado ao mercado de trabalho e ao crescimento da economia, mas também carrega muita “inércia inflacionária”, um fenômeno que mantém os preços nas alturas mesmo quando a demanda caiu e a economia encolheu. É bem provável que o peso da inércia atual esteja se desfazendo para valer. Este é um ponto que merece um “Meio-Checked”!
- Juros nos Estados Unidos. Por enquanto, nada acontece por lá. O FED, BC americano, está dividido mas a maioria segue mais cautelosa e suficiente para impedir um aumento dos juros de supetão. O primeiro efeito esperado para quando isto acontecer, o que deve ser ainda este ano, importante ressalvar, é uma alta do dólar. Se pagar um bocadinho a mais, os títulos públicos dos EUA vão atrair mais investidores que saem dos lugares mais arriscados para o porto mais seguro do mundo, provocando uma valorização do dólar. Agora, mesmo que isto aconteça, dificilmente vai gerar uma reação muito forte no mercado de câmbio brasileiro. O real está mais forte por contra própria - fruto do avanço da PEC do Gasto, do recuo do IPCA e da melhora da confiança com a economia brasileira. Checked!
O último, mas não menos importante, checklist do BC é o PIB. Este ainda está fraco, frágil e rastejante. A recuperação esperada para até final deste ano não deve mais acontecer com a intensidade esperada há alguns meses. O relatório Focus, o mesmo que coleta as estimativas para o IPCA, revela que as expectativas estão mais pessimistas para este ano e estáveis para 2017 - queda de 3,19% e alta de 1,3%, respectivamente. Depois de misturar todos os ingredientes acima, se o Banco Central não baixar os juros, a receita vai encruar. A redução da Selic é o atual fermento para o bolo da economia brasileira. Ainda falta saber se a manteiga que unta a forma vai dar, se a quantidade de mistura dará para saciar tanta gente e, principalmente, se o gás do botijão será suficiente para manter a economia aquecida o tempo necessário para que a recuperação não fique limitada apenas ao fim da recessão.
Fonte: G1