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Economia

Crédito mais caro a empresas reduz projeção do PIB de 2017

Estimativa do governo para o crescimento da economia brasileira passou de 1,6% para 1%

22/11/2016 08:17

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 Crédito mais caro a empresas reduz projeção do PIB de 2017

O governo anunciou nesta segunda-feira (21/07) redução da projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) em 2017, de 1,6% para 1%. 

Para 2016, a projeção, que era queda de 3%, piorou, passando para uma contração de 3,5% da economia.

As informações foram divulgadas pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk. 

O governo também revisou as estimativas da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pelas novas previsões, o IPCA acumulado em 2017 ficará em 4,7%, ante 4,8% estimado em agosto. Para 2016, a projeção para a inflação caiu de 7,2% para 6,8%, segundo a equipe econômica.

Em agosto, o governo havia chegado a rever para cima a previsão do PIB para 2017, de 1,2% para 1,6%. Segundo Fábio Kanczuk, a revisão atual tem relação com o quadro de endividamento das empresas e o aumento da percepção de risco pelo mercado. 

De acordo com ele, o spread (diferença entre o custo do dinheiro para o banco e o quanto ele cobra para emprestá-lo) está subindo, o que sinaliza um crédito mais caro e maior risco atribuído pelo setor bancário às empresas.

"Crédito mais caro é um fenômeno natural de todos os processos recessivos. A lucratividade das empresas é ligada à atividade econômica e cai quando a economia cai. E como o lucro caiu, as empresas estão relativamente mais endividadas", completou.

Segundo Kanczuk, esse encarecimento do crédito para as empresas está por trás da revisão da estimativa de PIB da Fazenda.

"A dimensão desse efeito só se tornou clara agora. O endividamento das empresas está se tornando mais claro e puxando os spreads para cima. Por isso, a nova projeção é um pouco menor do que o que prevíamos antes", afirmou.

De acordo com o secretário, a revisão foi marginal.

"O efeito é pequeno e continuamos falando da recuperação da economia e da indústria. Vocês vão ver que estamos projetando o PIB um pouquinho menor", acrescentou. "A confiança está voltando, mas esse retorno ficou pouco menor do que era previsto", comentou.

IMPOSTOS

Kanczuk disse que a redução na estimativa de crescimento da economia brasileira em 2017 não eleva a necessidade de aumento de impostos. "Não, porque o Orçamento vai depender da projeção de receita", disse.

Em agosto, quando apresentou o Orçamento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou que a elevação na estimativa do crescimento em 2017 (de 1,2% para 1,6%) traria receitas adicionais.

Esse incremento na arrecadação seria parte do "esforço adicional" feito pelo governo para evitar a saída via impostos para equilibrar as contas.

"Temos que esperar um monte de outros fatores, são efeitos de outros parâmetros da grade sobre a receita, e, sobretudo, o efeito da receita sobre o PIB", afirmou. Pode ser que a projeção de receitas seja até maior do que a anterior", acrescentou.

Segundo Kanczuk, a projeção de 1,0% é a "melhor projeção" que poderia ser feita pela equipe econômica no contexto atual. "Não diria que é otimista nem pessimista. Os riscos são simétricos para ambos os lados."

TRUMP

Segundo ele, a equipe econômica precisa "reagir à nova realidade" dos Estados Unidos com a eleição de Donald Trump para a presidência. Para o Brasil, o principal impacto deve ser a depreciação do real e a saída de capitais.

Segundo o secretário, a eleição de Trump causará um "aumento menor" no comércio internacional.

Na economia americana, isso terá como resultado aumento da inflação, uma vez que haverá menor competição de importados, e redução do ritmo de crescimento.

Já o plano de investimentos em infraestrutura deve causar mais crescimento nos EUA no curto prazo, bem como aceleração da inflação.

"Somando esses dois efeitos, a inflação dos EUA deve ser um pouco maior, e crescimento econômico não dá para saber, porque esses dois efeitos têm sentidos opostos", disse o secretário.

"No caso dos efeitos para o Brasil, com maior inflação americana, os juros americanos também sobem. O investidor se questiona se deve deixar dinheiro nos EUA ou em emergentes. O dinheiro vai para os EUA, porque o custo-benefício é maior, e a moeda dos emergentes deprecia e real perde do dólar."

Kanczuk ressaltou, no entanto, que o impacto sobre o crescimento brasileiro não é claro, uma vez que o sinal sobre o crescimento dos EUA também é ambíguo.

"Melhor cenário é saber que o câmbio estará desvalorizado. Melhor hipótese que podemos fazer em análise do efeito Trump é manter o crescimento", disse o secretário. A equipe econômica, no entanto, optou por revisar a estimativa de PIB brasileiro para 2017 de 1,6% para 1%.

PRODUTIVIDADE

Kanczuk repetiu que em toda recessão é normal que as empresas tenham dificuldades, mas disse que o governo e a Fazenda trabalham em medidas para o aumento de produtividade.

"São medidas para tornar o procedimento de produção menos burocrático. A gente não pode resolver o problema piorando a situação fiscal, então medidas contrárias ao fiscal não fazem sentido como boa política econômica", afirmou. "Com mais produtividade, o lucro e o crescimento virão", completou.

Fonte: Estadão Conteúdo

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