O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve, na quarta-feira (16), a Selic em 6,50% ao ano —o menor patamar histórico para a taxa básica de juros da economia - desde que o Copom foi criado, em 1996.
Além da influência na remuneração da poupança, a queda da Selic também reduz o retorno de outros investimentos de renda fixa, diminuindo a diferença de rentabilidade entre a caderneta e as demais aplicações —em alguns casos, a poupança pode até render mais, dependendo do prazo.
Projeções do Boletim Focus do Banco Central apontavam um corte de 0,25% percentual na taxa de juros na reunião, o que levaria a Selic para 6,25% ao ano e seria o décimo terceiro corte consecutivo na taxa - situação que não se concretizou.
Desde setembro, a poupança passou a render menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,27% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial), mas quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) estima o rendimento mensal da poupança em 0,37%, com a Selic a 6,5% ao ano.
Simulações feitas pela entidade indicam que a poupança estaria mais atrativa que a maioria dos fundos de investimento de renda fixa, em especial àqueles com taxa de administração mais altas. Pelas contas da associação, fundos com taxa de até 0,5% ao ano têm rentabilidade maior que a da poupança, independentemente do prazo de resgate considerado. A caderneta empata com fundos com taxa de 1% ao ano em caso de resgate em até seis meses e perde se o prazo for superior a esse período.
A poupança empata também com fundos com taxa de administração de 1,5% se o resgate for feito entre um e dois anos, e perde se o dinheiro for sacado acima de dois anos. Já fundos com taxas iguais ou superiores a 2% ao ano perdem para a caderneta independentemente do prazo considerado.
No dia a dia, a Selic em patamar mais baixo gera impactos positivos e negativos. No contexto atual, alguns especialistas analisam que o corte nos juros tende a estimular o investimento das empresas na produção e o consumo das famílias.
O momento também é oportuno para o consumidor que tem dívidas de médio e longo prazo, como financiamentos de carro ou casa que foram feitos sobre juros maiores. Pode ser um bom momento para fazer a portabilidade de dívidas e pagar menos juros.
Com um possível estímulo ao consumo e queda de juros, também há um fôlego na economia e no crescimento das empresas.
Os cortes seguidos na Selic haviam começado em outubro de 2016, quando diminuiu de 14,25% para 14%.
Anefac, Uol
Por Mariana Bruno para o Portal Contábeis