O entendimento de que há uma mudança no regime fiscal e a forte deterioração das expectativas de inflação que teve início na semana passada devem levar o Banco Central não só a acelerar o passo do aperto monetário, como também a levar o juro básico a um nível maior no fim do ciclo de alta.
As projeções já tinham subido bem desde a última pesquisa do Valor, de 24 de setembro, quando a mediana das estimativas de 75 instituições financeiras e consultorias apontava para a Selic em 8,75% no fim do ciclo.
Mas, até a semana passada, ainda eram poucas as casas que trabalhavam com um número de dois dígitos. Agora, a mediana de 89 analistas consultados ontem aponta para uma taxa de 10,5% no fim do ciclo.
Cerca de 74% das instituições e consultorias apostam que a Selic deve chegar a pelo menos 10% e, embora a faixa de 10,5% concentre, sozinha, mais projeções (22,5%), quase 27% das casas esperam que o juro básico chegue a pelo menos 11% em 2022.
Taxa selic
A Taxa Selic foi criada em 1979, período em que a economia brasileira enfrentava um cenário de hiperinflação. Seu objetivo sempre foi ser uma ferramenta de controle da inflação: qualquer mudança que o Banco Central do Brasil fizer na taxa resultará em uma alta ou queda da inflação.
Além disso, podemos dizer que o Banco Central:
- Ao aumentar a Selic, tem como objetivo desacelerar a economia, impedindo a inflação de ficar muito alta;
- E, ao baixar a Selic, tem como objetivo estimular o consumo e aquecer a economia, aumentando a inflação quando ela está abaixo da meta.
Até hoje, a Selic serve como uma referência para a economia brasileira – uma ferramenta para controlar a inflação do país que pode ser entendida como um indicador da nossa situação econômica.