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Aumento de salários pode pressionar ainda mais inflação, dizem economistas

Segundo especialistas, quando se leva em conta os aumentos salariais na economia como um todo, essa renda extra passa a pressionar ainda mais a inflação.

01/07/2022 15:00

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Inflação começa a sentir o efeito dos reajuste de salário

Aumento de salários pode pressionar ainda mais inflação, dizem economistas Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

A inflação no Brasil começa a trazer uma nova preocupação para os economistas do mercado financeiro: o temor de que os reajustes de salários pelo Índice de preços do consumidor (IPCA) ajudem a manter os preços elevados por ainda mais tempo.

Para o trabalhador, que viu o poder de compra diminuir, a recomposição é obviamente uma boa notícia. Mas, quando se leva em conta os aumentos salariais na economia como um todo, essa renda extra passa a pressionar ainda mais a inflação.

Para economistas ouvidos pela reportagem do Estadão, os reajustes indexados à elevada inflação devem pressionar o IPCA ao longo do segundo semestre, o que tende a dificultar o trabalho do Banco Central (BC) de controlar a alta de preços.

Na segunda-feira, 27, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que já se percebe um processo de indexação de salários no mundo, que pode ser a chave para avaliar a persistência da inflação, mas ponderou que não observa este efeito ainda no Brasil.

No entanto, alguns economistas destacam que a aceleração dos preços no setor de serviços intensivos em trabalho (um recorte criado pelo Banco Central em 2013 para acompanhar  as pressões de custos de mão de obra), conta uma história diferente.

A inflação acumulada em 12 meses nesse grupo específico de mão de obra intensiva – que inclui serviços como médico, manicure e empregado doméstico – avançou de 2,90% em dezembro de 2021 para 4,57% em junho, o maior nível desde março de 2018, segundo as contas do economista da ASA Investments Leonardo Costa.

Como os reajustes de salários têm uma defasagem em relação aos demais preços na economia, a tendência é de que a recuperação do mercado de trabalho continue a pressionar a inflação. "A expectativa é que a gente tenha uma aceleração desse grupo, que está abaixo da inflação corrente", afirma Costa, lembrando que a taxa acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 atingiu 12,04% em junho, mais do que o dobro da inflação de salários no período.

"Nos números do Salariômetro, da Fipe, chegamos a ver entre 60% e 70% de reajustes abaixo do INPC e, agora, essa proporção caiu para menos de 50%. Estamos tendo reajustes nominais mais altos, por causa da inflação mais elevada."

O economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, destaca que os serviços intensivos em trabalho avançaram em média 0,45% ao mês no primeiro semestre deste ano no IPCA-15, mais que o dobro do mesmo período de 2020 e 2021 e em um ritmo semelhante a 2017 (0,44%), embora menor que em 2016 (0,65%).

"Creio que esta trajetória (de alta) perdurará no segundo semestre, em parte pela indexação de salários nominais, em parte pela expectativa de alguma recuperação de renda real caso a taxa de participação não retorne aos níveis pré-pandemia, na casa de 64% (hoje está em 62%)", afirma.

Na avaliação do economista, o efeito da alta dos juros sobre a atividade econômica e o emprego devem contrabalançar, em parte, a pressão dos salários. "De toda forma, o risco no curto prazo permanece para cima, também por causa do risco de vermos graus crescentes de inércia se a inflação permanecer alta por mais tempo", afirma.

O economista-chefe da Genoa Capital, Igor Velecico, afirma que a pressão de salários é uma ocorrência comum quando a inflação atinge dois dígitos em economias indexadas, como a brasileira, e que a tendência é de aceleração.

O analista destaca que o aumento recente do custo com empregados domésticos – cuja inflação avançou a 9,7% em 12 meses no IPCA-15 de junho, depois de uma alta de 6,4% em maio e de 1,8% em abril – sugere uma maior pressão de salários à frente.

"O desemprego caiu mais de 2 pontos porcentuais entre dezembro de 2021 e abril, uma coisa absurdamente forte. Em um ambiente de inflação alta, isso tende a levar a mais reajustes nominais dos salários", diz Velecico.

Subjacentes

A maior pressão dos salários sobre o IPCA-15 em junho corrobora a perspectiva de que a inflação vai desacelerar em um processo lento no segundo semestre, de acordo com os analistas consultados.

"No fundo, estamos vendo que o choque primário de combustíveis e alimentos aconteceu e, agora, começa a se espalhar para outros bens e serviços", afirma.

Por outro lado, o sócio e economista-chefe da Reach Capital, Igor Barenboim, avalia que as pressões salariais no IPCA não devem ter novo fôlego à frente. 

Para o economista, o teto para a cobrança de ICMS em itens essenciais a 17% ou 18% deve segurar a alta dos preços. O economista projeta 7,5% para o IPCA de 2022 e 4,8% para 2023.

Fonte: com informações do Estadão

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