Em um novo relatório, o Banco Central (BC) admitiu que a inflação deste ano ficará novamente acima da meta estabelecida, estourando o teto permitido, definida previamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“Destaca-se o aumento da probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior em 2022, que passou de 88% no relatório anterior para próximo de 100%”, diz o documento.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (30), no Relatório Trimestral de Inflação, com uma semana de atraso do originalmente previsto, devido à greve dos servidores da autarquia.
A meta inflacionária para 2022 foi estipulada em 3,5%, podendo ter 1,5% de variação para mais ou para menos, por isso seria oficialmente cumprida também se o índice oscilasse entre 2% e 5%. Em junho deste ano,a inflação já acumula 12,04% ao ano. A previsão é que até o fim do ano, o índice chegue em 8,85%.
Este será o segundo ano seguido em que a meta é descumprida e o teto máximo estourado. Em 2021, a inflação encerrou o ano em 10,06%, sendo que a meta era de 3,75%, com máxima de 5,25%.
O BC ainda afirmou que o mesmo cenário pode se repetir no ano que vem, no que seria o terceiro ano consecutivo. Em 2023, o centro da meta foi definido em 3,25%, com margem para oscilar entre 1,75% e 4,75%, mas a autarquia já vê 29% de chance de ultrapassar essa margem.
Agora, o Comitê de Política Monetária (Copom) começa a pensar nas metas de 2023, pois as decisões tomadas sobre a taxa básica de juros do país, a taxa Selic, principal ferramenta para combater a inflação, demoram de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia, sem tempo para agir totalmente neste ano.
Em casos em que a meta é totalmente descumprida, não ficando dentro de nenhuma margem, o presidente do BC é obrigado a fazer uma carta aberta explicando os motivos que causaram a falha da sua missão.