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Empresários dos EUA têm dificuldades para preencher vagas de emprego

Baixos salários e inflexibilidade estão entre os principais motivos que desmotivam os candidatos às vagas de emprego.

01/10/2022 14:00

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EUA: empresários sofrem para preencher vagas de emprego

Empresários dos EUA têm dificuldades para preencher vagas de emprego Pexels

Os empresários dos Estados Unidos têm enfrentado dificuldades para preencher as vagas de emprego. O motivo disso são os pedidos de demissão em números recordes em muitos países.

Dados do Escritório de Estatísticas Trabalhistas de agosto de 2022 indicam que o percentual de pessoas empregadas está um ponto percentual abaixo do nível de fevereiro de 2020. Em outras palavras, as pessoas deixaram seus empregos e, em alguns setores e cargos, ainda não retornaram.

A falta de profissionais é mais evidente no setor hoteleiro e no setor de serviços. Vagas de lavadores de pratos, motoristas de caminhão, vendedores, garçons, agentes de aeroportos, enfermeiros domiciliares e funções semelhantes vêm permanecendo em aberto, literalmente, por anos.

Segundo especialistas, isso não acontece porque as pessoas não querem trabalhar, mas sim porque elas querem melhores empregos, com salários mais altos e melhores condições de trabalho.

Vagas em aberto

Nos EUA, especificamente, os dados demonstram que há muito tempo é difícil ser um profissional do setor de serviços.

Em 2020, por exemplo, os funcionários de lanchonetes em tempo integral ganhavam, em média, cerca de US$ 2 mil (aproximadamente R$ 10,5 mil) por mês — um pouco abaixo da linha da pobreza para uma família de quatro pessoas no país. 

A quantidade de horas semanais raramente é garantida, tornando difícil para os trabalhadores ter certeza de que sua renda vai dar para pagar as contas no fim do mês ou para providenciar coisas como transporte e creche para os filhos.

Tudo isso, em parte, se deve ao fato de que a taxa de desgaste — ou seja, a taxa de demissão das pessoas com relação ao emprego médio anual — tem sido alta no setor de serviços há muito tempo.

Em 2017, ela foi de 53,8% para os profissionais do varejo; 72,4% para os trabalhadores do setor de hospedagem e alimentação; e de 30,6% para os trabalhadores da indústria.

Contudo, se já era difícil trabalhar no setor de serviços antes da pandemia, a covid-19 complicou ainda mais esse cenário.

As lojas que permaneceram abertas enfrentaram interrupções da cadeia de fornecimento, além de picos e quedas na demanda dos clientes. Menos funcionários precisaram trabalhar por mais horas, e o aumento da jornada de trabalho contribuiu para o burnout.

Além disso, com as escolas fechadas e o transporte público reduzido, os profissionais enfrentaram dificuldades para cuidar dos filhos e para se deslocar até o trabalho.

Os casos de abuso dos trabalhadores e grosserias dos clientes também dispararam. E, embora algumas empresas tenham oferecido gratificações específicas, poucas aumentaram os salários ou ofereceram adicional de risco.

Um estudo de 2019 concluiu que a rotatividade nos empregos com salário mínimo é mais que o dobro da média nacional americana. "Esses empregos são precários", explica o professor de gestão de recursos humanos da EDHEC Business School em Paris, na França, Serge da Motta Veiga.

Retomada econômica

Mesmo com a retomada econômica após a pandemia, as vagas permanecem em aberto.

Para o professor de administração da Escola de Negócios da Universidade Rutgers em Camden, nos Estados Unidos, David Dwertmann, tem sido difícil recontratar trabalhadores para preencher cargos específicos com baixos salários, pelos mesmos motivos das demissões que originaram essas vagas.

Ele indica um estudo do think tank (centro de pesquisa e debates) americano Pew Research Center que perguntou a pessoas que deixaram seus empregos sobre qual a razão da demissão. O baixo salário foi o motivo mais indicado, seguido por "falta de oportunidades de progresso" e "sensação de desrespeito".

"Os profissionais simplesmente não acham que estão sendo valorizados o suficiente e não sentem que estão sendo suficientemente bem tratados”, explicou o especialista.

Para mudar esse cenário, alguns empregadores instituíram bônus de contratação. Em 2021, a Amazon anunciou novas vagas e afirmou que pagaria um bônus de US$ 1 mil (cerca de R$ 5,2 mil) para vagas nos setores de armazém e transporte. 

Já a rede de hotéis Hilton começou a oferecer um bônus de contratação de pelo menos US$ 500 (aproximadamente 2,6 mil) para camareiros e outros funcionários.

De acordo com o professor, os incentivos financeiros são bem-vindos, mas as empresas ainda não se empenham em abordar outros pontos importantes almejados pelos trabalhadores, como flexibilidade, previsibilidade e melhores condições de trabalho.

"Acho que os empregadores precisam reagir não apenas aumentando os salários e oferecendo luvas na contratação, mas também, por exemplo, planejando o cronograma dos seus funcionários de forma diferente", afirma David Dwertmann.

Com informações do G1

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