Em meio aos impactos de uma possível recessão nos Estados Unidos e do comportamento da inflação no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia hoje (25) a sétima reunião para definir a taxa básica de juros, a Selic. Amanhã (26), no final do dia, o Copom anunciará a decisão.
De acordo com a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a Selic deverá ser mantida em 13,75% ao ano pela segunda vez seguida.
Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até meados do ano que vem.
Na ata da última reunião, os membros do Copom iniciaram que pretendiam manter a Selic, no entanto não excluíram a possibilidade de novos reajustes, caso a inflação persista no médio prazo.
No menor nível da história até março de 2021, quando estava em 2% ao ano, a Selic foi reajustada sucessivamente até chegar a 13,75% ao ano em agosto. Em setembro, a taxa foi mantida nesse nível.
Após altas nos últimos meses, as expectativas de inflação têm caído. A última edição do boletim Focus reduziu a previsão de inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,62% para 5,6% em 2022. No mês de junho, as projeções para o IPCA chegaram a 9%.
Embora a gasolina e a energia elétrica tenham ficado mais baratas nos últimos meses, a guerra entre Ucrânia e Rússia continua impactando nos preços do diesel, de fertilizantes e de outras mercadorias importadas.
Além disso, a instabilidade na economia norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 41 anos, tem provocado forte volatilidade na cotação do dólar em todo o planeta.
Para este ano, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Dessa forma, o limite inferior é de 2% e o superior é 5%.
Os analistas de mercado consideram que o teto da meta será estourado pelo segundo ano consecutivo.
Aperto monetário
Principal instrumento para o controle da inflação, a Selic continua em ciclo de alta, após passar seis meses sem ser elevada.
De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia, até que a taxa chegou a 6,5% ao ano, em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até chegar ao menor nível da história em agosto de 2020, em 2% ao ano. Começou a subir novamente em março do ano passado, até chegar a 13,75% ao ano em agosto deste ano.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Vale destacar que ela é o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle.
O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais, para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, causando reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas seguram a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais baixo, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Entretanto, as taxas de juros do crédito não variam na mesma proporção da Selic, visto que a taxa é apenas uma parte do custo do crédito. Os bancos também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, com risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No entanto, devido ao feriado de 2 de novembro, a reunião foi antecipada para a última semana de outubro.
No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro.
Já no segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Com informações da Agência Brasil