Os rendimentos habituais reais médios do trabalho cresceram 2,5% no terceiro trimestre de 2022, de julho a setembro, em comparação com o mesmo período de 2021.
De acordo com estudo divulgado ontem (6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), este é o primeiro trimestre que apresenta crescimento interanual nos rendimentos do trabalho desde o primeiro trimestre de 2020, quando começou a pandemia da Covid-19.
Com relação a valores, a renda média habitual real registrada para o período, de R$ 2.737, ainda está abaixo dos níveis observados antes da pandemia, porém já alcança os níveis observados em 2017.
O rendimento habitual é quanto os trabalhadores costumam receber mensalmente pelo trabalho, enquanto o efetivo é quanto de fato receberam.
Conforme a análise, o pior impacto da queda nos rendimentos no terceiro trimestre de 2022 ocorreu entre os trabalhadores do setor público, com recuos da renda habitual e efetiva de 2,3% e 3%, respectivamente.
Enquanto isso, para os trabalhadores do setor privado com carteira, houve aumento da renda no terceiro trimestre de 2022 de cerca de 1,6% da renda habitual.
Por outro lado, os informais foram os que tiveram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 5,4% para os trabalhadores por conta própria e de 4,9% para os sem carteira assinada.
Os maiores aumentos da renda efetiva foram verificados nas regiões Centro-Oeste (8,3%) e Norte (5,3%).
A região Nordeste teve aumento de apenas 0,7% na renda efetiva e de 1,4% na renda habitual. Já na região Sudeste, houve crescimento de 1% da renda habitual no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo trimestre do ano de 2021.
Diferença salarial
O estudo mostra ainda diferenças salariais entre homens e mulheres. A análise dos rendimentos efetivos e habituais recebidos pelas mulheres, nos últimos trimestres, mostraram desempenho inferior aos dos homens.
Enquanto eles tiveram aumento de 3,3% na renda habitual e de 3m4% na renda efetiva, as mulheres tiveram aumento de 1,7% na renda habitual e de 1,5% da renda efetiva.
Análise do Ipea
Seguindo o padrão durante a pandemia, na maior parte dos setores, houve aumento da renda habitual durante 2020 e queda da renda efetiva, segundo a análise do Ipea.
As atividades mais dependentes da circulação de pessoas tiveram maior redução da renda efetiva em 2020: transporte, serviços pessoais e coletivos, alojamento e alimentação, comércio e construção.
É justamente esse maior impacto que explica a recuperação da renda efetiva em tais setores após a segunda metade do ano de 2021.
Em 2022, os setores mais formais e com trabalhadores mais qualificados apresentam maior queda da renda, com destaque para:
- Administração pública (queda de 11,3% da renda efetiva no segundo trimestre de 2022 e de 0,6% no terceiro trimestre);
- Educação e saúde (queda de 11,1% e 5,3% da renda efetiva nos segundo e terceiro trimestres respectivamente), além da indústria (queda de 1,5% da renda efetiva no terceiro trimestre de 2022).
Os serviços profissionais começam a mostrar maior recuperação no terceiro trimestre de 2022 com crescimento de 3,6% da renda efetiva em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior.
No entanto, foram os setores mais informais e de menor qualificação que mostraram crescimento da renda mais forte, como:
- Transporte (3,9% da renda habitual e 2,0% da efetiva);
- Construção (5,4% da renda habitual e 5,3% da efetiva);
- Serviços pessoais e coletivos (9,6% da renda habitual e 10,8% da efetiva);
- Alojamento e alimentação (2,6% da renda habitual e 5,5% da efetiva);
- Agricultura (12,6% da renda habitual e 12,7% da efetiva).
Com informações da Agência Brasil