Apesar do uso de dados já ser considerado imprescindível em diversos setores corporativos, a contabilidade ainda é frequentemente rejeitada como ativo estratégico dos negócios.
No entanto, o sócio da ABordin, Allan Bordin, aponta que muitas companhias estão perdendo oportunidades e ficando para trás no mercado ao ignorarem o potencial da área contábil.
“A contabilidade estratégica é intervenção positiva do setor nas decisões que guiam o futuro da companhia. Resumidamente, a partir da gestão financeira, é possível mapear as melhores oportunidades, encontrar uma série de gargalos e assim otimizar a escalabilidade do negócio, com maior inteligência”, afirma o especialista.
Para demonstrar, na prática, como a contabilidade estratégica pode ser aplicada, o especialista reuniu três maneiras de iniciar essa mudança.
1. Organização financeira
A organização financeira é o ponto inicial. A ideia é equilibrar receita e despesa e assim organizar o fluxo de caixa da companhia.
“As contas estão fechando sempre mês a mês? Há espaço para respiro no caso de alguma emergência? A contabilidade pode ajudar na criação de um novo ciclo de recebimentos e pagamentos, para que exista mais tempo entre a chegada e saída de recursos”, explica Bordin.
Em outras palavras, é possível identificar a frequência e os métodos de pagamentos dos clientes e fornecedores, além de outras responsabilidades financeiras, para estabelecer novos períodos no calendário contábil.
É aí que entram os dados. Estes permitem a visualização certeira dos encargos e deveres da empresa, da situação financeira atual, do fluxo de caixa e de demais detalhes, como nível de inadimplência entre os clientes, por exemplo.
2. Gestão da carteira de clientes
A produtividade do time pode ser aperfeiçoada e dirigida ao crescimento da empresa, a partir do uso dos dados provenientes da contabilidade.
“Um exemplo prático: não é raro que clientes que paguem menos sejam os mais exigentes e consumam uma carga maior do que aquele que paga mais. Mas, qual é o sentido estratégico disso? Na prática, o melhor cliente está sendo sacrificado em detrimento daquele que não valoriza sua empresa. Ao entender como e porquê isso acontece, é possível precificar melhor determinadas demandas e organizar melhor o trabalho do time, protegendo os interesses da empresa”, conclui.
3. Busca por investimento
O uso de dados também é essencial quando há interesse da empresa na busca de investidores.
Sempre será necessário que as informações apresentadas sejam completas e aprofundadas. E, claro, que demonstrem situações verdadeiras sobre a saúde financeira do negócio.
“O faturamento de uma empresa pode evidenciar seu potencial de mercado, mas nem sempre revela sua saúde financeira. Por exemplo, uma empresa que fatura R$100 milhões por ano pode impressionar, mas se suas despesas foram de R$110 milhões, o caixa está negativo. É matemática simples”, explica o especialista.
Contudo, Bordin finaliza dizendo que um investidor qualificado ou um potencial comprador busca as informações a fundo, revelando, nesse caso, que uma contabilidade saudável é determinante para a tomada de decisão.
Com informações EDB Comunicação