Funcionários da área de serviços financeiros têm ignorado as regras de suas empresas sobre o número de dias em que devem estar no local de trabalho, de acordo com um estudo patrocinado por algumas das maiores instituições financeiras do Reino Unido.
Realizado pela entidade sem fins lucrativos Women in Banking and Finance (WIBF) e pela London School of Economics, o estudo concluiu que os funcionários queriam uma jornada mais flexível, pois rejeitavam o trabalho presencial e achavam mais importante priorizar a produtividade.
Segundo o estudo, que se baseou em entrevistas, os funcionários da área de finanças consideram que a flexibilidade, e não a obrigação de cumprir uma determinada cota de dias de presença no local de trabalho, é mais condizente com a eficiência no nível de equipes.
Trabalho flexível
A pandemia levou muitas empresas a avaliarem novas formas de trabalhar, e muitas adotaram abordagens mais flexíveis, mas com um número determinado de dias em que os funcionários devem estar presentes no local de trabalho.
O estudo concluiu que a mudança para o trabalho remoto em primeiro lugar, em que trabalhar em casa é a opção principal para a maioria dos funcionários, não teve nenhum impacto ou teve um impacto positivo na produtividade.
Além disso, segundo o relatório, isso “realça o fato de que, embora no nível dos cargos mais altos os executivos de muitas empresas grandes peçam que os funcionários compareçam ao local de trabalho um número específico de dias por semana, na prática eles têm sido ignorados e frequentemente os gestores dão preferência a uma abordagem de trabalho remoto em primeiro lugar que satisfaça as necessidades operacionais locais”.
O estudo, baseado em entrevistas com 70 mulheres e 30 homens na City de Londres e conduzido pela London School of Economics, abrangeu empresas das áreas de bancos, gestão de ativos, serviços profissionais, fintech e seguros.
Os pesquisadores entrevistaram funcionários de vários níveis hierárquicos em empresas como Bank of America, BlackRock, Citigroup, Credit Suisse, Goldman Sachs, JPMorgan, Morgan Stanley, NatWest, Schroders e UBS.
A diretora da Iniciativa de Inclusão da London School of Economics e autora do estudo, Grace Lordan, disse que os trabalhadores se sentem cada vez mais frustrados por serem instruídos a comparecer ao local de trabalho para simplesmente participar de uma videoconferência pelo Zoom.
“As empresas que exigem que seus funcionários estejam no local de trabalho sem nenhum motivo perderão talentos em áreas diversificadas”, afirmou ela. “Essas demandas também são motivadas pelo ego, em vez de terem em conta o que é melhor para a empresa.”
Desmotivação
Outra conclusão do estudo é que as mulheres, em especial, preferem uma abordagem mais flexível. O documento apontou preocupações de que abordagens excessivamente normativas para o trabalho no escritório desanimaram as funcionárias.
“Minha expectativa é de que esses gestores que exigem que seus funcionários cumpram um cronograma rígido de três, quatro ou cinco dias perderão mulheres para seus concorrentes que não o fazem”, disse a presidente da Women in Banking and Finance, Anna Lane.
O estudo foi realizado com o programa de pesquisa Accelerating Change Together, da Women in Banking and Finance, que busca dar mais apoio e manter mulheres na área de serviços financeiros.
O programa é patrocinado por Aegon, Baillie Gifford, Barclays, BlackRock, Citi, The Cumberland, EY, Goldman Sachs, HSBC, LSEG, Moody’s, Morgan Stanley, Santander, TD e Schroders.
Fonte: Valor Econômico