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TRABALHO AUTÔNOMO

Trabalho por conta própria cresce em busca por renda

Até 2022, mais da metade dos trabalhadores por conta própria eram empregados com carteira assinada antes de migrar para o trabalho autônomo.

26/01/2023 15:00

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“Fazer renda”: trabalho por conta é uma alternativa

Trabalho por conta própria cresce em busca por renda Foto: Daniel Dan/Pexels

Até o ano passado, mais da metade dos trabalhadores eram empregados com carteira assinada antes de migrar para o trabalho autônomo, na leitura do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

Nesta quarta-feira (25), a instituição anunciou a segunda edição de pesquisa sobre o tema, a Sondagem do Mercado de Trabalho, que apurou respostas sobre o assunto por meio de entrevistas com cerca de 1 mil pessoas no país com mais de 14 anos.

Na coleta de dados, feita em dezembro, os pesquisadores também apuraram que mais de um terço recorreu à ocupação por conta própria na necessidade de fazer renda, depois de ficar desempregado.

Para este ano, os pesquisadores não descartam a continuidade de crescimento dos trabalhadores autônomos e a queda em outras categorias de ocupação. Isso pode ocorrer mesmo com possibilidade de mercado de trabalho mais fraco, a ser afetado por uma provável economia desaquecida, relataram os economistas.

“Em 2023, os sinais não são de recuperação forte do mercado de trabalho”, afirmou o coordenador das Sondagens do Comércio e de Investimentos da Superintendência Adjunta para Ciclos Econômicos do FGV Ibre, Rodolpho Tobler.

Segundo Tobler, o mais provável é que o emprego formal fique “estagnado”.

Detalhes da pesquisa

Ao detalhar os resultados da sondagem, ele informou que em torno de 15% a 16% da amostra da pesquisa eram trabalhadores por conta própria.

É semelhante à parcela de em torno de 20% na amostra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), pesquisa sobre mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nessa categoria de ocupação, apenas 33,5% informaram sempre terem atuado por conta própria na pesquisa da FGV.

Dos 66,5% restantes, 57,1% informaram que tinham carteira assinada, antes de serem autônomos, e entre os com renda inferior a dois salários mínimos, a parcela para essa última resposta era maior, de 59,3%. 

Ao informarem a razão para “virar CNPJ”, 37,5% responderam que estavam desempregados, e precisavam de renda.

“É uma forma de colocar renda em casa mais rapidamente”, notou o pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, Fernando de Holanda Barbosa Filho.

Muitos trabalhadores, lembrou Filho, ao perderem emprego com carteira durante baque na economia, causado por advento da Covid-19 em 2020, recorreram ao trabalho autônomo para amortecer os efeitos da crise.

“Chama muito atenção o crescimento de CNPJ desde o começo da pandemia”, admitiu o coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli do FGV Ibre, Fernando Veloso.

Ele diz que desde fevereiro de 2020 até hoje é disparado o grupo de ocupação que mais cresceu. Ele também lembrou que essa categoria representa em torno de 25 milhões de trabalhadores no país, cerca de um quarto do total de ocupados no mercado de trabalho.

Questionado se a grande presença do trabalho por conta própria poderia representar ambiente de precarização no trabalho do país, Veloso foi taxativo em negar. 

“Esse grupo é muito heterogêneo” disse, comentando que, na sondagem da FGV, outras razões também foram levantadas pelos pesquisados para se tornarem autônomas. 

No entendimento dele, na prática, nem todos os trabalhadores querem exatamente ter carteira assinada; e sim a proteção social associada ao vínculo empregatício - como a Previdência Social, por exemplo.

A coordenadora das Sondagens do FGV Ibre, Viviane Seda, concorda. Ela citou como exemplo outro resultado da sondagem da fundação: as respostas sobre riscos de longo prazo, no mercado de trabalho. 

Dos entrevistados, 58,9% apontaram como maior medo risco de ficar doente ou incapacitado. “A carteira assinada é uma proteção social se o trabalhador ficar doente”, resumiu ela.

A FGV informou ainda que a próxima divulgação da pesquisa, que passará a ser trimestral, será em abril, e referente ao primeiro trimestre de 2023.

Fonte Valor Econômico

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