Na noite desta terça-feira (16), a Americanas divulgou um comunicado informando que uma investigação independente descobriu que a empresa foi vítima de uma fraude contábil.
De acordo com as evidências apresentadas ao Conselho de Administração, a fraude envolve lançamentos indevidos na conta de fornecedores por meio de contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC) e operações financeiras conhecidas como "risco sacado". Essas ações fraudulentas foram refletidas incorretamente nos balanços da companhia, impactando a veracidade dos relatórios financeiros da Americanas.
A empresa esclareceu que os responsáveis por essas fraudes já não fazem mais parte do quadro de funcionários e que medidas serão tomadas para comunicar os fatos às autoridades competentes. A Americanas também ressaltou que continuará colaborando com as investigações e que o Conselho de Administração instruiu a Diretoria a avaliar as medidas necessárias para defender os interesses da empresa e buscar ressarcimento pelos danos causados.
Histórico do escândalo
O escândalo de fraude contábil na Americanas veio à tona em 11 de janeiro do ano passado, quando a empresa anunciou inconsistências contábeis de aproximadamente R$ 20 bilhões. Na época, o recém-contratado CEO Sérgio Rial e o CFO André Covre deixaram seus cargos após poucos dias na função. No dia seguinte ao anúncio, as ações da Americanas sofreram uma queda de quase 80%, resultando em uma perda de mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado.
Investigações da Polícia Federal
A Polícia Federal iniciou investigações no começo de 2023, revelando que a fraude foi uma tentativa de maquiar os resultados financeiros do conglomerado, simulando um aumento de caixa e, assim, valorizando artificialmente as ações da empresa na bolsa. Segundo a PF, essa manipulação permitiu que os executivos envolvidos recebessem bônus milionários e lucros ao vender as ações inflacionadas no mercado financeiro.
Crimes investigados
O atual CEO da Americanas, Leonardo Coelho, descreveu o esquema como um processo complexo e engenhoso. Entre os crimes investigados estão a manipulação de mercado, uso de informações privilegiadas (insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, os envolvidos podem enfrentar até 26 anos de prisão.
Saiba mais:
Operação Disclosure: PF realiza operação contra ex-diretores da Americanas após escândalo contábil