A Pesquisa Global de Atitudes sobre Benefícios 2024, realizada pela consultoria WTW, revelou dados preocupantes sobre a saúde dos trabalhadores no Brasil e no mundo. O estudo, conduzido entre janeiro e março de 2024, analisou 45.000 respostas globais, incluindo um recorte específico com 1.000 trabalhadores brasileiros de empresas privadas de médio e grande porte. Os resultados destacam um quadro crítico de desafios em três pilares do bem-estar: saúde física, saúde mental e estabilidade financeira.
Crescente demanda por saúde mental
Após a pandemia, a saúde mental tornou-se uma questão central, com 43% dos empregados reportando sintomas de ansiedade ou depressão. O estudo destaca que os jovens e trabalhadores de baixa renda são os mais afetados. A pesquisa mostra que o apoio dos empregadores é crucial, pois os funcionários que têm acesso a programas de saúde mental demonstram menos propensão a abandonar o tratamento.
Para auxiliar na saúde emocional, as empresas podem ir além de iniciativas no escritório, integrando programas de gerenciamento de estresse e oferecendo acesso a serviços de apoio psicológico. Santos afirma que “terapias e outras formas de suporte mental são essenciais para um ambiente de trabalho saudável.”
Saúde financeira em risco
O levantamento aponta que 45% dos trabalhadores enfrentam dificuldades para poupar, vivendo de salário em salário. Segundo a gerente sênior da WTW no Brasil, Leticia Santos, essa realidade implica um risco psicológico, já que a dependência do próximo pagamento cria um ciclo de insegurança que afeta a saúde mental."Quase metade dos empregados não consegue formar uma reserva financeira, o que os deixa vulneráveis a emergências financeiras", comenta Santos.Essa situação impacta também as decisões de consumo e o acesso a cuidados médicos, já que 35% dos trabalhadores relataram postergar consultas médicas devido a restrições financeiras, enquanto outros 35% afirmam que a preocupação com as finanças influencia suas escolhas de consumo, incluindo alimentação.
Para enfrentar essa questão, a pesquisa sugere que empresas invistam em programas de educação financeira e planos de previdência, oferecendo workshops e webinars que ajudem os colaboradores a gerenciar melhor seus recursos.
Desafios da saúde física
Outro dado alarmante é que um terço dos trabalhadores lida com problemas de saúde física, como diabetes e hipertensão, condições que afetam tanto a produtividade quanto a frequência no trabalho. Esses trabalhadores relatam maior número de ausências e esgotamento físico, além de apresentarem menor engajamento. A pesquisa reforça a importância de programas corporativos voltados para a promoção da saúde física, como acesso a academias, atividades físicas subsidiadas e orientação nutricional.
A WTW destaca ainda que 17% dos trabalhadores gostariam de contar com mais apoio de seus empregadores, como tecnologias de monitoramento de saúde e tempo adicional para cuidar de questões pessoais. “As empresas precisam estar atentas e desenvolver iniciativas de saúde que atendam às necessidades físicas e emocionais dos colaboradores”, reforça Santos.
A necessidade de uma visão integrada
A WTW recomenda que as empresas adotem uma abordagem integrada, cobrindo aspectos financeiros, físicos e emocionais. Para a consultoria, um ambiente de trabalho saudável e sustentável requer políticas que compreendam os desafios do cotidiano dos empregados. Essas medidas podem incluir desde programas de educação financeira até subsídios para a prática de atividades físicas e o apoio psicológico contínuo, promovendo, assim, um ambiente mais equilibrado e produtivo.
Essa pesquisa evidencia a importância de uma mudança na gestão de benefícios, com foco em uma visão abrangente e que valorize o bem-estar dos trabalhadores em todos os seus aspectos essenciais.