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PLANOS DE SAÚDE

ANS pode liberar múltiplos reajustes anuais em planos de saúde

Proposta analisada pela agência prevê revisão técnica para operadoras com desequilíbrio financeiro, permitindo mais de um aumento por ano e impactando planos individuais e familiares.

13/12/2024 14:00

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Planos de saúde podem ter reajustes além do índice anual

ANS pode liberar múltiplos reajustes anuais em planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) analisará, na próxima segunda-feira (16), a proposta que autoriza operadoras de planos de saúde a aplicar mais de um reajuste anual nas mensalidades. O tema será debatido internamente com base em uma minuta que prevê a “revisão técnica” das cobranças em casos de dificuldades financeiras. A medida, se aprovada, pode alterar significativamente a dinâmica do mercado, afetando empresas que operam planos individuais e familiares.

Condições para a revisão técnica

De acordo com o texto preliminar, somente as operadoras que demonstrarem desequilíbrios econômico-financeiros ao longo de três anos poderão solicitar a revisão técnica. A iniciativa busca assegurar a solvência das empresas e a manutenção de suas atividades.

Para comprovar essas condições, as prestadoras precisarão apresentar dados que evidenciem riscos à continuidade do serviço, além de problemas financeiros em suas carteiras de planos individuais ou familiares no período estabelecido.

Contexto regulatório e impacto sobre planos antigos

A possibilidade de reajustes múltiplos esbarra em um conjunto de normas definidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Há uma decisão judicial (de 2017) que impede a revisão técnica em contratos anteriores à Lei nº 9.656/1998, marco regulatório dos planos de saúde. 

Esses planos antigos não podem sofrer aumentos amparados nessa modalidade de reajuste, o que mantém certa estabilidade a esse grupo de consumidores. A ANS, caso a medida seja aprovada, deverá avaliar cada pleito, considerando as exigências legais e as condições financeiras apresentadas pelas operadoras.

Mudanças no atual padrão de reajustes

Hoje, o mercado de planos de saúde opera com um único reajuste anual, calculado a partir dos custos ao longo do período, incluindo variações provocadas pela inflação. A revisão técnica, se efetivada, introduzirá a possibilidade de múltiplos aumentos em um mesmo ano, criando um cenário até então não previsto pela regulação. 

As empresas interessadas deverão encaminhar solicitações à ANS, que analisará a documentação comprobatória e as justificativas financeiras.

Requisitos adicionais para a operadora beneficiada

A minuta impõe obrigações às operadoras que obtiverem autorização para revisão técnica. Entre os requisitos está a disponibilização de planos individuais ou familiares para venda e portabilidade de forma on-line, bem como comunicação prévia aos beneficiários, com antecedência mínima de três meses antes da aplicação do reajuste. 

Além disso, essas operadoras precisarão manter a comercialização dos planos por pelo menos três anos após a concessão da revisão técnica, garantindo que o mercado continue a oferecer opções a potenciais clientes.

Judicialização e justificativas financeiras

A possibilidade de introduzir múltiplos reajustes ao longo do ano pode resultar em aumento da judicialização, uma vez que consumidores e entidades de defesa do usuário de planos de saúde tendem a questionar a legitimidade e a necessidade dessas mudanças. 

Para contornar restrições impostas pelo STF, as justificativas das empresas deverão se centrar na preservação da saúde financeira das operadoras, configurando a revisão técnica como uma medida destinada a proteger a continuidade do serviço, em vez de caracterizar o reajuste como simples aumento de custos.

Falta de detalhes operacionais

Apesar de a minuta apresentar as linhas gerais da revisão técnica, a ANS ainda não esclareceu como funcionará a metodologia de cálculo desses reajustes adicionais. O documento encaminhado ao conhecimento público não explica a forma exata de aplicação dos aumentos nem a definição dos índices.

 A agência informou que a regulamentação específica, incluindo critérios técnicos e parâmetros de avaliação, será objeto de uma instrução normativa futura, sem data definida para publicação.

Perspectivas para o mercado

A possível introdução da revisão técnica coloca o setor de planos de saúde em uma nova configuração, na qual empresas poderão pleitear mais de um aumento anual de suas mensalidades. 

Caso a ANS aprove a medida, haverá mudanças significativas nas práticas comerciais, na relação com os consumidores e no planejamento financeiro das operadoras. 

A iniciativa, se bem estruturada, poderá funcionar como ferramenta para equilibrar as contas das empresas, ao mesmo tempo em que pressiona a regulação a encontrar mecanismos claros de controle e transparência, de modo a evitar abusos e insegurança jurídica no mercado.

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