Cerca de 92,2 milhões de trabalhadores têm direito ao 13º salário em 2024, cuja folha tem potencial de injetar R$ 321,4 bilhões na economia brasileira até dezembro, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Mas a atual onda de bets e outras formas de apostas online pode colocar esse benefício em xeque.
O alerta é da educadora financeira Júlia Lázaro, especialista em Planejamento Financeiro, feito com base em levantamentos recentes que mostram o impacto desses jogos de azar no orçamento das famílias.
Entre eles, um estudo da PwC Strategy & do Brasil, ligada à PricewaterhouseCoopers, o qual aponta que, nas classes C e D, o comprometimento do orçamento com essas apostas quadriplicou entre 2018 e 2024, chegando a 2% da renda mensal. “Além disso, o próprio governo federal já constatou que, por mês, até R$ 3 bilhões do Bolsa Família têm sido gastos pelos beneficiários nesses jogos”, ressalta a especialista.
O dinheiro extra do 13º corre o risco de se tornar um estímulo a gastos ainda mais elevados com bets, jogos do tigrinho e outros jogos do tipo. Afinal, a onda de apostas encontra cenário ideal para se espalhar. Esse cenário, explica a especialista, é formado pela estrutural falta de educação financeira, pela facilidade de acesso a tais jogos e pela expectativa (equivocada) de grandes ganhos, e imediatos.
“Com a renda apertada e sem educação financeira, as pessoas enxergam nas bets não uma diversão e entretenimento, mas sim uma forma de ganhar dinheiro fácil e rápido. Começam apostando pouco, há um ganho inicial, e então apostam mais, e perdem. Para recuperar a perda, voltam a apostar, e então tem-se esse ciclo. As pessoas estão fazendo dívidas, entrando no cheque especial, para custear isso que se torna um vício”, adverte.
Julia ainda menciona que, o mais importante é entender que não existem “milagres”. Nem bets, nem nenhum jogo de azar garantem vida financeira em dia.
Se estiver com dívidas, especialmente dívidas em atraso, o 13º pode ser utilizado para quitá-las e se livrar de juros e correções monetárias que só agravam o comprometimento da renda.
Por fim, buscar ajuda de especialistas pode ser um caminho para se organizar melhor e colocar as finanças em dia, especialmente quando pensamos em planejar o próximo ano que está chegando.
Fonte: Engenharia de Comunicação