O governo do México anunciou na última quinta-feira (1º), que reduzirá gradualmente a jornada de trabalho semanal para 40 horas, com a mudança entrando em vigor até janeiro de 2030. A medida foi revelada pelo ministro do Trabalho e Previdência Social, Marath Bolaños, durante evento comemorativo ao Dia do Trabalho. Atualmente, a jornada padrão no país é de 48 horas semanais.
Em uma ação que visa alinhar o México às tendências globais de melhoria das condições de trabalho, o governo anunciou um plano para reduzir a carga horária semanal de 48 para 40 horas. A decisão faz parte de uma reforma trabalhista mais ampla proposta pela administração da presidente Claudia Sheinbaum.
A mudança será gradual, e o governo pretende realizar uma série de fóruns entre junho e julho de 2025 em várias cidades do país. Esses eventos têm o objetivo de discutir e coletar contribuições sobre a transição para a nova jornada de trabalho. A transição total será concluída até janeiro de 2030, conforme indicado pelo ministro Bolaños.
A história da jornada de trabalho no México
A jornada de trabalho de 48 horas no México é uma das mais altas do mundo. Desde a Revolução Mexicana, em 1910, o país tem buscado equilibrar as exigências de produção com os direitos dos trabalhadores, mas a jornada prolongada ainda prevalece em diversas indústrias. Embora já haja algumas normas para reduzir a carga horária em setores específicos, a jornada de 48 horas continua sendo a regra geral.
Em 2023, a proposta de redução da jornada de trabalho foi debatida no Congresso mexicano, mas encontrou resistência significativa, especialmente entre empresários que temiam os impactos na produtividade e na competitividade. Em 2024, um novo projeto de lei foi adiado, mas a pressão da sociedade civil e de entidades trabalhistas tem mantido a questão no debate público.
Por que a redução da jornada de trabalho é importante?
A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais no México é vista como uma resposta às crescentes demandas por um equilíbrio maior entre vida profissional e pessoal. Estudos internacionais demonstram que jornadas de trabalho mais curtas podem melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, reduzir o estresse e até aumentar a produtividade no longo prazo.
Além disso, com o avanço da automação e das tecnologias de informação, muitos países têm adotado jornadas mais curtas como uma forma de responder às mudanças no mercado de trabalho e às novas dinâmicas econômicas. A decisão do México de reduzir a carga horária se alinha a essas tendências e busca promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
O impacto da redução de jornada para os trabalhadores e o mercado
Se implementada com sucesso, a medida terá impactos significativos tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores. Para os trabalhadores, a redução da jornada pode resultar em mais tempo livre para atividades pessoais, lazer e descanso. Para o mercado, pode trazer melhorias na saúde mental e física dos empregados, contribuindo para um aumento da satisfação no trabalho e, consequentemente, da produtividade.
Por outro lado, os empregadores terão que se adaptar à nova realidade. Isso pode envolver uma reestruturação das operações em diversas indústrias para garantir que a produção e a qualidade dos serviços não sejam comprometidas. A transição gradual proposta pelo governo visa permitir que as empresas se ajustem progressivamente.
Desafios e resistência no Congresso mexicano
Embora a proposta tenha o apoio de diversos setores da sociedade, como movimentos trabalhistas e organizações de direitos humanos, ela enfrenta resistência no Congresso mexicano, onde alguns legisladores se opõem à mudança. A principal argumentação contrária é que a redução da jornada poderia aumentar os custos operacionais para as empresas, especialmente as de pequeno porte.
Em 2023, um projeto de lei que visava implementar a jornada de 40 horas foi discutido no Congresso, mas não avançou devido a discordâncias sobre como a transição poderia afetar a economia do país. Embora o presidente Andrés Manuel López Obrador tenha se mostrado a favor da proposta, a medida ainda enfrenta obstáculos legislativos que podem atrasar sua implementação.
Reformas trabalhistas e o papel da presidente Claudia Sheinbaum
A redução da jornada de trabalho está inserida em uma agenda mais ampla de reformas trabalhistas lideradas pela presidente Claudia Sheinbaum, que assumiu o cargo em 2024. A presidenta tem defendido a modernização das leis trabalhistas, buscando um equilíbrio entre as necessidades dos trabalhadores e as demandas do mercado.
A reforma trabalhista de Sheinbaum também inclui outras propostas, como a ampliação das garantias de direitos para trabalhadores informais, o fortalecimento da fiscalização trabalhista e o aumento das contribuições para a seguridade social.
O futuro do trabalho no México
A redução da jornada de trabalho é apenas uma das mudanças que o México deverá enfrentar nas próximas décadas. O mundo do trabalho está em transformação, com a automação e a digitalização ganhando espaço em diversos setores. A reforma trabalhista proposta pelo governo mexicano visa não apenas modernizar a jornada de trabalho, mas também criar um ambiente de trabalho mais justo e equilibrado para os cidadãos mexicanos.
A proposta de redução da jornada de trabalho no México reflete uma tendência global que visa melhorar as condições de trabalho e aumentar a produtividade. Embora o processo de implementação enfrente desafios, o governo mexicano está determinado a concluir a transição até 2030, levando em consideração as necessidades dos trabalhadores e das empresas. A medida representa uma oportunidade de modernização para o México e coloca o país em sintonia com as práticas trabalhistas de outros países ao redor do mundo.
Com informações adaptadas da Forbes