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PREVIDÊNCIA SOCIAL

Rombo no INSS pode quadruplicar em 75 anos, aponta governo

Estimativa da LDO de 2026 prevê que rombo no INSS saltará de 2,58% para 11,59% do PIB em 75 anos, devido ao envelhecimento populacional.

15/05/2025 14:00

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Déficit do INSS deve quadruplicar até 2100, segundo LDO 2026

Rombo no INSS pode quadruplicar em 75 anos, aponta governo

O governo federal estima que o rombo no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mais do que quadruplicará nas próximas sete décadas. A projeção consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, enviada ao Congresso Nacional em abril, e acende um alerta sobre a sustentabilidade da Previdência Social a longo prazo.

A previsão oficial é de que o déficit do INSS em 2025 alcance 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 328 bilhões. Até 2100, a expectativa é de que esse percentual suba para 11,59% do PIB, representando um rombo de R$ 30,88 trilhões.

A análise com base no percentual do PIB é considerada mais precisa por especialistas, pois leva em conta o comportamento da economia ao longo do tempo.

Projeção do déficit do INSS em relação ao PIB

A seguir, veja a evolução estimada do rombo do INSS como proporção do Produto Interno Bruto nas próximas décadas:

  • 2025: 2,58% do PIB
  • 2030: 2,63%
  • 2035: 3,05%
  • 2040: 3,5%
  • 2045: 4,15%
  • 2050: 4,88%
  • 2060: 6,64%
  • 2070: 8%
  • 2080: 9,39%
  • 2090: 10,54%
  • 2100: 11,59%

Envelhecimento populacional é principal causa do rombo no INSS

O governo aponta como principal motivo para o crescimento do déficit o envelhecimento da população brasileira, somado à queda na taxa de natalidade. Atualmente, o sistema previdenciário brasileiro funciona no regime de repartição simples: os trabalhadores da ativa financiam os benefícios dos aposentados e pensionistas.

Esse modelo, segundo o PLDO, tende a se desequilibrar com o passar dos anos, pois haverá menos contribuintes ativos para sustentar um contingente crescente de beneficiários.

A LDO 2026 destaca o seguinte cenário demográfico:

  • A população com 60 anos ou mais deve passar de 13,8% em 2019 para 32,2% em 2060;
  • A faixa etária entre 16 e 59 anos cairá de 62,8% em 2010 para 52,1% até 2060.

A combinação desses fatores pressionará o sistema previdenciário, exigindo ajustes estruturais para evitar a insolvência futura.

Reforma de 2019 foi insuficiente para conter desequilíbrio

Apesar da reforma da Previdência aprovada em 2019 — que instituiu idade mínima, aumentou o tempo de contribuição e alterou o cálculo do benefício — as estimativas mostram que as mudanças não foram suficientes para garantir a sustentabilidade de longo prazo do INSS.

A reforma fixou:

  • Idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens;
  • Tempo mínimo de contribuição de 15 anos para mulheres e 20 anos para homens;
  • Regra de transição por pontos, combinando tempo de contribuição e idade.

Na avaliação de economistas e especialistas em políticas públicas, ajustes adicionais deverão ser debatidos nos próximos anos para evitar o colapso das contas previdenciárias.

Especialistas recomendam nova reforma da Previdência

Para o especialista em Previdência Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Rogério Nagamine, os dados apresentados pelo governo federal demonstram que uma nova reforma será inevitável. Segundo ele, a ideal seria realizada em 2027, para antecipar os efeitos do envelhecimento populacional e corrigir distorções deixadas pela reforma de 2019.

Entre os pontos que poderiam ser alvo de um novo ajuste, estão:

  • Aumento da idade mínima da aposentadoria rural, atualmente em 55 anos para mulheres e 60 para homens;
  • Revisão do modelo de contribuição do Microempreendedor Individual (MEI), que representa cerca de 12% dos contribuintes, mas apenas 1% da arrecadação previdenciária;
  • Criação de mecanismo de ajuste automático conforme a demografia — por exemplo, aumento progressivo da idade mínima ou redução proporcional do valor do benefício com o aumento da expectativa de vida;
  • Revisão das regras diferenciadas de aposentadoria para servidores estaduais e municipais;
  • Extinção da paridade e integralidade nas aposentadorias dos militares.

Nagamine ainda afirma que é necessário revisar a diferença de idade entre homens e mulheres, prática que tende a desaparecer em países europeus nos próximos anos.

Sustentabilidade previdenciária deve entrar no debate fiscal

Com a discussão em curso sobre o novo arcabouço fiscal do país e os desafios do equilíbrio orçamentário, a sustentabilidade do INSS volta a ser tema central entre economistas e formuladores de políticas públicas.

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Vital do Rêgo, já havia se manifestado sobre o tema em entrevista concedida em fevereiro de 2025. Ele classificou a situação da Previdência como uma “bomba que não vai parar de explodir”.

“Estamos com um paciente absolutamente debilitado e, até agora, não vejo um remédio concreto para reverter esse quadro. As notícias são muito desanimadoras”, afirmou Vital do Rêgo.

Reformas estruturais como solução de médio e longo prazo

Diante do envelhecimento acelerado da população e da redução da base de contribuintes, especialistas avaliam que reformas estruturais serão indispensáveis para manter o sistema previdenciário viável nas próximas décadas.

Além de alterações nas regras de acesso ao benefício, poderá ser necessário discutir modelos alternativos de financiamento, como a capitalização parcial ou mecanismos híbridos, além de ampliar a base de arrecadação, especialmente entre os contribuintes de menor contribuição, como os MEIs e trabalhadores informais.

As projeções do governo federal para o rombo no INSS até 2100 reforçam a urgência de um debate mais profundo sobre o futuro da Previdência no Brasil. Com um sistema baseado na solidariedade intergeracional, o envelhecimento da população e a queda de natalidade desafiam a manutenção das contas públicas e exigem planejamento de longo prazo.

A realização de uma nova reforma previdenciária, com ajustes nos critérios de concessão, arrecadação e justiça contributiva, aparece como alternativa indispensável diante dos números apresentados na proposta da LDO de 2026.

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