x

FINANÇAS

Governo altera IOF sem consultar Banco Central

Mudanças no IOF aumentam arrecadação, mas causam atrito entre Fazenda e Banco Central.

23/05/2025 11:00

  • compartilhe no facebook
  • compartilhe no twitter
  • compartilhe no linkedin
  • compartilhe no whatsapp
Governo muda IOF sem aval do Banco Central

Governo altera IOF sem consultar Banco Central Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O governo federal anunciou nesta quinta-feira (22) mudanças nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), incluindo aumentos em operações de crédito para empresas e a uniformização da taxa cambial em 3,5%. A medida, no entanto, não contou com a anuência do Banco Central (BC). Segundo apuração do jornal O Globo, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, foi contra as alterações e não foi consultado previamente. As mudanças devem aumentar a arrecadação federal em mais de R$ 60 bilhões até 2025, mas geram tensões entre a Fazenda e o BC.

A repercussão do aumento do IOF no entanto foi imediata e, diante de críticas de analistas do mercado financeiro e empresários, o governo convocou uma reunião de emergência com integrantes da Casa Civil, Secretaria de Comunicação e Ministério da Fazenda. Após avaliação técnica, dois pontos foram revistos e o decreto foi retificado em edição extra do Diário Oficial da União publicada na madrugada do dia 23.

Mudanças no IOF aumentavam carga tributária sobre crédito e câmbio

O pacote anunciado pelo Ministério da Fazenda alterava as alíquotas de IOF sobre operações de crédito para empresas e padroniza em 3,5% a incidência do tributo sobre operações de câmbio, como remessas para o exterior. Além disso, foi retomada a cobrança de IOF sobre transferências de fundos para fora do país.

Foram restauradas as seguintes condições:

Alíquota zero para aplicações de fundos brasileiros no exterior: o governo reconheceu que a taxação de 3,5% sobre essas aplicações configurava controle de fluxo de capitais, o que geraria insegurança jurídica.

Manutenção da alíquota de 1,1% para remessas internacionais destinadas a investimento: a redação anterior sugeria aumento para 3,5%, o que foi descartado.

Receita estimada com novas regras chega a R$ 41 bi em 2025

De acordo com o Ministério da Fazenda, as mudanças devem gerar uma arrecadação adicional de R$ 20,5 bilhões ainda em 2024 e R$ 41 bilhões em 2025. O objetivo declarado é reforçar o caixa do governo e colaborar com a política monetária do Banco Central no combate à inflação.

Banco Central não foi consultado sobre as medidas

Interlocutores próximos ao presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmaram que ele foi surpreendido com o anúncio das mudanças. Apesar da fala do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, de que Galípolo teria sido informado em uma reunião na última terça-feira, fontes ligadas ao BC negam que tenha havido consulta formal ou acordo sobre o tema.

Mudança no IOF afeta relação com padrões da OCDE

As alterações nas alíquotas do IOF sobre operações de câmbio interrompem o processo de adaptação às diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A padronização da tarifa em 3,5% pode tornar mais caro o envio de recursos ao exterior, o que tende a desestimular investimentos internacionais por parte de brasileiros.

Implicações para o mercado e para contribuintes

Com a mudança, transações de câmbio realizadas por pessoas físicas e jurídicas terão impacto direto nos custos operacionais. A nova carga tributária poderá refletir no encarecimento de importações, viagens internacionais, investimentos fora do país e financiamentos externos.

Fazenda diz que medida apoia controle da inflação

Durante o anúncio das mudanças, os secretários do Ministério da Fazenda defenderam que as novas regras contribuem para o esforço do Banco Central de controlar a inflação. Segundo eles, a tributação sobre saída de capital pode ajudar a manter o equilíbrio da balança de pagamentos e fortalecer o real.

O governo federal realizou mudanças significativas na tributação de operações de crédito e câmbio com o novo pacote de IOF, sem o aval do Banco Central. As medidas devem reforçar a arrecadação, mas também geram impactos para empresas e investidores que operam no exterior. Especialistas recomendam reavaliação de estratégias financeiras que envolvam transações internacionais.

Leia também:

Governo anuncia aumento de IOF que chegava a 10x mais em certas operações mas recua após críticas; veja novos valores

Leia mais sobre

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ARTICULISTAS CONTÁBEIS

VER TODOS

O Portal Contábeis se isenta de quaisquer responsabilidades civis sobre eventuais discussões dos usuários ou visitantes deste site, nos termos da lei no 5.250/67 e artigos 927 e 931 ambos do novo código civil brasileiro.

Utilizamos cookies para ajudar a melhorar a sua experiência de utilização. Ao utilizar o website, você confirma que aceita a sua utilização. Conheça a nossa política de utilização de cookies

1999 - 2025 Contábeis ® - Todos os direitos reservados. Política de privacidade