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FRAUDE INSS

Anunciado plano para ressarcir aposentados vítimas de fraudes a partir de 24 de julho

Primeiro lote beneficiará 1,5 milhão de aposentados com devolução direta em conta; proposta depende de acordo judicial no STF.

25/06/2025 11:00

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INSS propõe iniciar ressarcimento por fraude em julho

Anunciado plano para ressarcir aposentados vítimas de fraudes a partir de 24 de julho Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou, nesta terça-feira (24), que pretende iniciar o ressarcimento de aposentados e pensionistas vítimas de descontos indevidos diretamente nas contas bancárias em que recebem seus benefícios. O plano foi apresentado durante audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) e prevê o início dos pagamentos em 24 de julho, com um primeiro lote contemplando cerca de 1,5 milhão de beneficiários.

A medida, no entanto, ainda depende de homologação judicial, uma vez que foi submetida ao relator do caso, ministro Dias Toffoli, e está condicionada a um acordo no âmbito da Corte para evitar o que a Advocacia-Geral da União (AGU) classifica como “litigância excessiva”.

INSS estima até 4,1 milhões de vítimas de descontos ilegais

De acordo com o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, até o momento, aproximadamente 3,6 milhões de aposentados e pensionistas já comunicaram não reconhecer descontos realizados em seus benefícios. Desse total, 3,462 milhões formalizaram pedidos de ressarcimento junto ao Instituto.

O número de pedidos recebidos até agora se aproxima da estimativa da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, que identificaram, na Operação Sem Desconto, cerca de 4,1 milhões de vítimas em potencial.

“Estamos prontos para começar o ressarcimento no dia 24 de julho, com depósitos diretamente na conta dos segurados. A cada 15 dias, um novo lote de pagamentos será liberado”, afirmou Waller durante a audiência no STF.

Pagamentos serão escalonados e dependem de consenso judicial

A proposta do governo federal é realizar os pagamentos por meio de processos administrativos, sem necessidade de ações judiciais individuais. Para isso, é necessária a suspensão de ações em andamento, medida que está sob análise no STF.

Segundo a AGU, entre janeiro de 2024 e maio deste ano, mais de 65 mil ações judiciais relacionadas a descontos associativos foram movidas em todo o país, gerando um impacto estimado em quase R$ 1 bilhão para os cofres públicos.

“Hoje temos cerca de 4 milhões de ações previdenciárias tramitando e mais de 9 milhões de descontos sendo contestados. Essa judicialização massiva gera decisões conflitantes e pode atrasar a reparação. Por isso, buscamos uma solução consensual e célere”, explicou  a secretária-geral de Contencioso da AGU, Isadora Cartaxo.

Ressarcimento será bancado com bloqueio de bens de fraudadores

A AGU informou ainda que já obteve, na Justiça Federal, o bloqueio de cerca de R$ 2,8 bilhões em bens, valores e ativos financeiros de associações, empresas e pessoas físicas investigadas por envolvimento nas fraudes.

Esses bloqueios ocorreram no âmbito de 15 ações cautelares ajuizadas com base na Lei Anticorrupção, e os recursos poderão ser utilizados para ressarcir os beneficiários lesados.

“Além do ressarcimento direto aos segurados, o governo federal continuará com a responsabilização civil e criminal das entidades envolvidas”, destacou o ministro Dias Toffoli durante a audiência no STF.

Fraudes motivaram criação de canal de contestação e operação policial

A fraude em questão refere-se a descontos indevidos realizados nos benefícios previdenciários, muitas vezes sem conhecimento ou consentimento dos aposentados e pensionistas. Em muitos casos, os valores referem-se a mensalidades associativas cobradas por entidades com as quais os segurados não mantêm qualquer vínculo.

Para combater a prática, o INSS e a Dataprev criaram uma funcionalidade de contestação no aplicativo Meu INSS, por meio da qual os beneficiários podem visualizar e solicitar a suspensão de descontos suspeitos.

Além disso, foi instaurada a Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a CGU, com o objetivo de apurar irregularidades e promover a responsabilização dos envolvidos.

Impacto da litigância e necessidade de solução administrativa

A proposta apresentada pelo governo busca mitigar os impactos da judicialização em massa sobre o sistema judiciário e agilizar a devolução dos valores indevidamente retidos. A expectativa é que a suspensão temporária das ações judiciais permita a tramitação mais eficiente dos processos administrativos de devolução.

“A proposta evita que cada aposentado precise entrar com ação judicial para reaver valores, o que sobrecarrega o Judiciário e atrasa a solução. Um acordo viabilizaria pagamentos mais rápidos, diretos e seguros”, afirmou Cartaxo.

A iniciativa está sendo analisada pelo ministro Toffoli, que deverá decidir se homologa a proposta para viabilizar o início dos pagamentos em 24 de julho.

O que os segurados devem fazer para solicitar ressarcimento

Os aposentados e pensionistas que identificarem descontos indevidos devem seguir os seguintes passos:

  1. Acessar o aplicativo ou site do Meu INSS com login do gov.br;
  2. Consultar a seção “Extrato de Pagamento” para verificar os descontos aplicados;
  3. Caso identifique descontos não reconhecidos, acessar a opção “Solicitar contestação de desconto”;
  4. Formalizar o pedido de ressarcimento com os dados exigidos.

Não é necessário procurar o Judiciário nesse momento, pois os ressarcimentos serão realizados por meio de procedimentos administrativos, caso a proposta seja homologada pelo STF.

Situação atual: números e panorama geral

  • 9 milhões de segurados foram notificados sobre possíveis fraudes;
  • 3,6 milhões comunicaram não reconhecer os descontos;
  • 3,462 milhões já solicitaram ressarcimento via INSS;
  • 65 mil ações judiciais foram movidas entre janeiro e maio de 2025;
  • R$ 2,8 bilhões já foram bloqueados em bens de suspeitos.

Próximos passos e orientações

A decisão sobre a homologação da proposta deve ser tomada nos próximos dias pelo ministro Dias Toffoli. Caso aprovada, os pagamentos serão realizados em ciclos quinzenais, iniciando-se com 1,5 milhão de beneficiários em 24 de julho.

A expectativa é que o restante dos segurados com pedidos deferidos seja contemplado nos lotes seguintes, conforme a capacidade operacional do INSS e a disponibilidade dos recursos bloqueados judicialmente.

Relevância para profissionais da contabilidade

O ressarcimento administrativo de descontos indevidos em benefícios do INSS interessa diretamente aos contadores e profissionais da área previdenciária. O acompanhamento desse processo pode ajudar:

  • Na orientação de clientes sobre como proceder;
  • Na análise de impactos financeiros para aposentados e pensionistas;
  • No esclarecimento de dúvidas sobre descontos legais e ilegais;
  • No suporte à gestão documental em processos de revisão de benefícios.

Além disso, entender a estrutura do processo e os prazos envolvidos é essencial para prestar um atendimento eficaz e em conformidade com as diretrizes da Previdência Social.

Com informações adaptadas do O Globo

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