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TESTES REFORMA TRIBUTÁRIA

Testes da Reforma Tributária começam em julho, mas ainda sem APIs nem dados reais

Empresas alertam para falta de integração entre sistemas e risco de atrasos na digitalização exigida pela CBS e IBS a partir de 2026.

01/07/2025 15:00

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Reforma Tributária: testes começam em julho, mas preocupam setor

Testes da Reforma Tributária começam em julho, mas ainda sem APIs nem dados reais

As simulações para implantação da Reforma Tributária iniciaram nesta terça-feira (1º), com a participação de grandes empresas associadas à Brasscom e fornecedoras de sistemas de gestão empresarial (ERP), segundo informou o diretor de Relações Institucionais e Governamentais da entidade, Sergio Sgobbi. Apesar do cronograma oficial, o setor empresarial manifesta preocupação com o atraso no desenvolvimento tecnológico necessário à implementação efetiva da nova cobrança de tributos sobre o consumo.

Ambiente de testes será manual e sem uso de dados reais

De acordo com Sgobbi, os testes serão realizados de forma restrita e manual, sem a utilização de dados reais. A ausência de interoperabilidade entre os sistemas das empresas e os órgãos fiscais impede simulações mais robustas e levanta dúvidas sobre a viabilidade técnica da implementação em larga escala.

“O grande ponto de preocupação é que os testes não servirão para verificar a interoperabilidade dos dados entre ERPs e o Fisco, pois as APIs ainda não existem”, alertou o executivo, em entrevista à CDTV, durante o IA Gov Fórum – ABEP-TIC, em São Paulo.

Brasil enfrenta desafio de digitalização em massa

Sgobbi também destacou um dado preocupante: apenas 17% das empresas brasileiras possuem sistemas informatizados. Isso significa que 83% ainda operam sem soluções digitais, em um cenário onde a Reforma Tributária exigirá 100% de digitalização para o cumprimento das novas obrigações acessórias.

“A digitalização é mandatória, mas a maioria das empresas ainda não está preparada. Começamos os testes agora em julho e já há um atraso real”, afirmou o diretor.

Integração via APIs ainda não tem cronograma definido

A Brasscom entregou ao governo uma lista com as APIs que precisam ser desenvolvidas para possibilitar a comunicação entre os sistemas das empresas e os órgãos de arrecadação. No entanto, até o momento, não houve resposta oficial nem sinalização sobre quando essas integrações estarão disponíveis para testes.

As empresas públicas de tecnologia da informação dos estados e municípios, conhecidas como Prods, também terão um papel essencial nesse processo. “Elas têm a capacidade de desenvolver as APIs, mas a dúvida é se conseguirão participar dos testes dentro do prazo previsto”, observou Sgobbi.

Paralelismo entre sistemas gera sobrecarga operacional

Outro fator que aumenta a complexidade da transição é a necessidade de manter o atual sistema tributário funcionando até 2032, enquanto o novo modelo será gradualmente implantado a partir de 2026. Esse paralelismo exigirá que empresas e administrações tributárias lidem com duas estruturas simultâneas durante um período de sete anos.

Para os profissionais da contabilidade e do setor fiscal, isso representa uma sobrecarga operacional significativa, com necessidade de atualização constante dos sistemas, treinamento de equipes e adaptação de processos internos.

Contadores e empresas devem se preparar desde já

A Reforma Tributária prevê a substituição de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) por dois novos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios. A transição será gradual, com início em 2026 e conclusão prevista para 2032.

Diante desse cenário, contadores, empresas e desenvolvedores de software precisam iniciar imediatamente os processos de adequação tecnológica e revisão de rotinas fiscais. A falta de APIs, os testes manuais e o descompasso entre as exigências legais e a infraestrutura digital representam riscos relevantes de não conformidade e penalidades.

Cenário exige planejamento e engajamento do setor público

A preocupação da Brasscom evidencia a necessidade de maior articulação entre o setor produtivo, os entes federativos e a Receita Federal. A criação das APIs, a ampliação da informatização nas pequenas empresas e a padronização dos testes são pontos críticos para o sucesso da Reforma Tributária.

“Estamos diante de uma transformação que exige maturidade tecnológica e coordenação nacional. Não podemos adiar decisões essenciais para que os testes cumpram seu papel de preparação prática”, concluiu Sgobbi.

Com informações adaptadas do Convergência Digital

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