Grandes marcas como Nike, Netflix e Sephora estão, em 2025, deixando de lado a lógica tradicional do funil de vendas — aquele modelo linear de atração, consideração e conversão — e adotando ecossistemas de conteúdo mais orgânicos e adaptáveis.
Esse movimento não é exclusivo de grandes empresas. Profissionais liberais, como os contadores, também são impactados por essa transformação. Afinal, se o comportamento do consumidor mudou – as grandes marcas já notaram – a forma de se comunicar com ele também precisa mudar. A jornada do cliente contábil é mais fluida, passa por diferentes plataformas e exige conexão em qualquer ponto de contato, seja no Instagram, LinkedIn ou YouTube.
Para atrair clientes, o contador deve criar conteúdo útil — não “arrastar para o fundo do funil”
O novo modelo de conteúdo valoriza momentos de impacto. Um post com dica tributária prática, um carrossel explicando o DAS, um vídeo comentando atualizações do Simples Nacional ou uma live tirando dúvidas do MEI podem ser, todos eles, pontos de partida para um novo cliente — mesmo sem seguir uma ordem lógica de etapas.
Assim como a Sephora mostra influenciadores reforçando recompra e descoberta ao mesmo tempo, o contador pode publicar um vídeo com um case de cliente e, no mesmo material, responder perguntas comuns de quem ainda está considerando contratar um serviço contábil.
A Nike, por sua vez, deixou de lado a ideia de conteúdos com objetivo único. Na comunidade SNKRS — que integra aplicativo, site e redes sociais — os conteúdos são criados para gerar valor em qualquer etapa da jornada do consumidor.
Um único post pode reunir a história por trás de um tênis, mostrar um atleta utilizando o modelo, apresentar dados de desempenho e ainda oferecer um link direto para a compra. Tudo isso integrado, sem seguir necessariamente a lógica tradicional do funil.
A Netflix é um exemplo de marca que aplica essa lógica na comunicação de seus produtos. Em vez de dividir campanhas entre aquisição, engajamento e retenção, a empresa integrou todas as frentes criativas para gerar conexões constantes com o público.
Desde trailers com legendas virais até notificações como “continue assistindo”, cada interação é pensada para dialogar com o usuário em tempo real, sem depender do avanço por etapas do funil tradicional.
Dica prática:Em vez de tentar “educar” para depois converter, o profissional pode gerar valor imediato. Um conteúdo que resolve uma dor contábil agora tem mais chances de atrair engajamento do que uma sequência programada de posts frios.
E o contador criador de conteúdo?
Para o contador que já atua como produtor de conteúdo — seja como influenciador, seja como autoridade técnica no digital — essa mudança exige uma atualização de estratégia. O conteúdo precisa ser:
- Relevante em qualquer momento: não pense mais em “etapas”, mas em “respostas”.
- Flexível em formato e canal: um mesmo tema pode virar texto, vídeo curto, live, enquete ou story.
- Conectado com a realidade do público-alvo: pequenos empresários, MEIs, autônomos e startups não estão interessados na estrutura de um funil, mas em soluções práticas para problemas reais.
O que o contador deve aplicar desde já
- Substitua a “trilha de conteúdos” por “temas contínuos” que gerem recorrência e autoridade.
- Use a caixinha de perguntas do Instagram, o comentário fixado no TikTok ou o chat do YouTube para gerar conteúdos responsivos.
- Aposte em formatos híbridos: um post pode informar, humanizar sua marca e oferecer serviço ao mesmo tempo — como já fazem as grandes empresas citadas no estudo.
O fim do funil de vendas não é o fim da estratégia de marketing, mas o início de uma era mais inteligente, espontânea e centrada no contexto. O contador que entende essa mudança se diferencia ao entregar conteúdo relevante, humano e contínuo — e, com isso, atrai clientes com muito mais naturalidade.