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COMÉRCIO EXTERIOR

Tarifaço: qual a expectativa do mercado brasileiro para 1º de agosto

Com início previsto para 1º de agosto, tarifas de 50% sobre produtos brasileiros geram incertezas econômicas e expectativas de reação diplomática.

30/07/2025 14:30

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Tarifaço: o que o mercado espera para 1° de agosto

Tarifaço: qual a expectativa do mercado brasileiro para 1º de agosto

Faltando poucos dias para a entrada em vigor do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, o sentimento predominante no mercado financeiro é de “esperar para ver”. A medida, que prevê a aplicação de tarifas de até 50% sobre itens importados do Brasil a partir de 1º de agosto, gerou apreensão entre investidores, economistas e gestores de recursos, que aguardam possíveis reações diplomáticas e judiciais nas próximas semanas.

Enquanto outros países como a União Europeia têm buscado acordos para mitigar o impacto das medidas protecionistas da gestão de Donald Trump, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em abrir canais de negociação com Washington. O cenário de indefinição influencia o comportamento dos ativos financeiros, embora analistas avaliem que parte dos riscos já esteja precificada na Bolsa brasileira.

Acordos bilaterais com outros países aumentam pressão sobre o Brasil

Neste domingo (27), os Estados Unidos fecharam um acordo tarifário com a União Europeia, que limitou em 15% as tarifas aplicadas sobre produtos europeus. O movimento reforçou a estratégia do governo americano de buscar ajustes comerciais pontuais com países aliados, enquanto mantém postura mais rígida com o Brasil, que segue sem interlocução direta com a Casa Branca.

“Se houver impacto real na economia americana, os assessores de Trump vão pedir a revisão da medida. A tendência é buscar acordos setoriais, com os setores do café e da laranja, por exemplo”, avalia Stephan de Sabrit, managing partner do Grupo Leste, que administra mais de R$ 16 bilhões em ativos.

Sabrit afirma que muitos investidores brasileiros estão atentos ao desenrolar dos próximos dias, mas adotam visão de médio prazo. Segundo ele, ainda há expectativa de reversão parcial das medidas à medida que os impactos econômicos forem sentidos nos próprios EUA.

Diplomacia brasileira enfrenta dificuldades para negociar com Washington

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, destaca que o Brasil já tentou diversas vezes estabelecer um canal de diálogo com os norte-americanos, sem sucesso até o momento. A estratégia do governo brasileiro tem sido a de apresentar propostas ligadas à cooperação em minerais críticos e projetos de investimento bilateral, como forma de aliviar tensões.

“O Brasil está tentando adotar uma postura técnica e diplomática, mas os EUA não estão ouvindo”, avalia Sung.

A ausência de um canal formal de negociação cria insegurança para setores estratégicos da economia brasileira, especialmente o agronegócio e a indústria de transformação, cujos produtos estão entre os principais alvos da medida norte-americana.

Efeitos nas bolsas e no comportamento dos investidores

Mesmo diante da iminência do tarifaço, o mercado acionário brasileiro não deve registrar grandes oscilações. Segundo analistas, o cenário de taxações já está parcialmente precificado nos ativos, o que reduz o risco de volatilidade abrupta no curto prazo.

O Ibovespa, principal índice da B3, acumula queda de quase 4% em julho, revertendo uma sequência de quatro meses consecutivos de alta. Para Sung, a baixa recente reflete a antecipação dos riscos pelo mercado, não apenas o impacto tarifário, mas também a expectativa de desdobramentos políticos e econômicos.

“Não se espera grande volatilidade no Ibovespa porque o mercado confia na via diplomática e já incorporou parte do cenário nas cotações”, afirma.

Perspectiva de acordos comerciais estimula otimismo parcial

Apesar da cautela, alguns investidores veem oportunidades de negociação futura com os EUA como um alento. A expectativa é de que o governo norte-americano, pressionado por setores econômicos internos, revise as tarifas ao longo do tempo ou estabeleça acordos comerciais setoriais com o Brasil, à semelhança do que já foi feito com outros parceiros estratégicos.

No entanto, um entrave político ainda diferencia o Brasil de outras nações afetadas. Segundo analistas, um dos condicionantes impostos pelo ex-presidente Donald Trump seria o encerramento de um processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, fator que tem dificultado o avanço das conversas.

Empresas podem recorrer à Justiça dos EUA para evitar tarifas

Diante da ausência de avanços diplomáticos, mais empresas brasileiras e norte-americanas devem buscar soluções jurídicas para impedir a aplicação das tarifas. Um exemplo recente é o da Johanna Foods, importadora americana de suco de laranja brasileiro, que ingressou com uma ação na Justiça dos EUA contra o tarifaço.

“Isso deve se tornar uma tendência. Empresas de diferentes setores buscarão medidas judiciais para garantir a continuidade dos negócios”, prevê Sung.

A expectativa é que associações comerciais e entidades empresariais também atuem em lobbies no Congresso americano para pressionar pela revisão das tarifas, especialmente em setores com alto grau de dependência de insumos brasileiros.

Impactos para a economia brasileira e o setor contábil

Se efetivadas, as tarifas de 50% sobre produtos do Brasil podem afetar diretamente a balança comercial, a receita de exportação e o desempenho de empresas do agronegócio, mineração e alimentos processados.

Para profissionais da contabilidade empresarial, fiscal e tributária, o cenário exige atenção redobrada:

  • Análise de contratos de exportação com cláusulas de revisão;
  • Estudo de impactos tributários sobre margens de lucro;
  • Avaliação de relocalização de operações ou diversificação de mercados externos;
  • Suporte jurídico-tributário para empresas que considerem recorrer judicialmente nos EUA.

A poucos dias da implementação das tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o mercado adota uma postura de cautela e monitoramento contínuo. A falta de diálogo formal com o governo americano, somada à influência política nos bastidores, eleva o nível de incerteza.

Enquanto investidores aguardam por recuos diplomáticos ou ações judiciais, empresas e profissionais devem planejar cenários alternativos para mitigar os efeitos da medida. O papel do contador, nesse contexto, torna-se ainda mais estratégico na orientação fiscal, financeira e contratual dos negócios afetados.

Contadores e gestores devem:

  • Acompanhar as decisões sobre tarifas internacionais com impacto nos clientes exportadores;
  • Realizar simulações de impacto tributário e logístico;
  • Avaliar estratégias de diversificação de mercados e proteção contratual;
  • Monitorar possíveis oportunidades judiciais em solo norte-americano com assessoria jurídica especializada.

Com informações da CNN Brasil

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