O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma Ordem Executiva que eleva para 50% a tarifa de importação sobre diversos produtos brasileiros. A nova alíquota entra em vigor no dia 6 de agosto, conforme estabelecido no documento oficial publicado no site da Casa Branca.
Apesar da elevação tarifária, 694 produtos brasileiros foram excluídos da medida e permanecerão isentos da nova cobrança. Entre os itens isentos estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis — incluindo motores, peças e componentes. A lista completa das exceções está disponível no Anexo I da Ordem Executiva.Confira a lista completa aqui.
A medida tem impacto direto nas exportações brasileiras para o mercado norte-americano e foi adotada em meio a tensões comerciais que envolvem práticas de subsídios e políticas de incentivo à indústria.
Produtos brasileiros serão taxados em 50% a partir de 6 de agosto
Com a nova decisão, os produtos não isentos passarão a pagar uma tarifa de importação de 50%. Isso inclui café, frutas in natura e carnes — três segmentos de peso na balança comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo especialistas em comércio exterior, o aumento da tarifa pode afetar diretamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano, especialmente nos setores agropecuário e alimentício.
“Produtos como o café e a carne, que já enfrentam concorrência acirrada nos Estados Unidos, terão ainda mais dificuldade para manter a competitividade com esse aumento tarifário”, avalia Mariana Borges, economista do Instituto Brasileiro de Comércio Exterior (IBCE).
Itens excluídos da nova tarifa incluem energia, minérios e fertilizantes
Entre os 694 produtos que permanecerão com alíquota de importação reduzida ou zerada, destacam-se os seguintes grupos:
- Derivados de laranja: suco, polpa e concentrados;
- Energia e combustíveis: incluindo petróleo bruto e gás natural;
- Minérios e fertilizantes: utilizados amplamente na indústria e agricultura;
- Celulose e papel: como polpa de madeira e papel kraft;
- Aeronaves civis: bem como suas peças, motores e equipamentos;
- Metais preciosos e produtos químicos industriais.
De acordo com o texto da ordem executiva, esses itens foram considerados de “interesse nacional” para os Estados Unidos, razão pela qual foram poupados da elevação tarifária.
Medida reflete tensões comerciais e estratégicas
A elevação tarifária faz parte de uma política mais ampla dos Estados Unidos de proteção à indústria nacional e revisão de acordos comerciais bilaterais.
Desde 2023, a administração norte-americana tem adotado medidas pontuais para reequilibrar o comércio exterior com países que, segundo o governo, se beneficiam de vantagens injustas em suas exportações.
No caso brasileiro, os principais alvos são produtos agroindustriais que, segundo o Departamento de Comércio dos EUA, são fortemente subsidiados por políticas internas de incentivo.
Impacto no agronegócio e nas exportações brasileiras
O aumento tarifário gera preocupação entre representantes do agronegócio brasileiro. Em 2024, por exemplo, os Estados Unidos foram o segundo principal destino do café brasileiro, atrás apenas da Alemanha. No mesmo período, o Brasil também registrou aumento nas exportações de carne bovina e frutas para o mercado norte-americano.
Com a nova tarifa de 50%, analistas projetam retração nessas exportações a partir do segundo semestre de 2025.
“Essa elevação representa um entrave significativo para setores que vinham se expandindo no mercado americano. A curto prazo, haverá perda de competitividade e necessidade de redirecionamento comercial”, afirma Daniel Carvalho, coordenador de comércio exterior da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Lista de exceções está disponível para consulta
Empresas e profissionais da área contábil e de comércio exterior podem consultar a relação completa dos 694 produtos isentos da tarifa no site da Casa Branca, conforme publicado no Anexo I da Ordem Executiva. A leitura da lista é essencial para ajustes estratégicos nas operações de exportação, planejamento fiscal e reavaliação de acordos comerciais.
Para facilitar o acesso e o planejamento tributário das empresas, o Portal Contábeis recomenda o uso de sistemas integrados de classificação fiscal de mercadorias e a revisão periódica das tabelas de exportação.
Recomendações para contadores e empresas exportadoras
Diante das alterações, especialistas sugerem que empresas brasileiras:
- Reavaliem seus contratos de exportação com destino aos EUA;
- Realizem simulações de impacto tarifário com base nos novos percentuais;
- Verifiquem se seus produtos constam na lista de exceções;
- Avaliem a possibilidade de redirecionamento de mercado para outros países;
- Estreitem a comunicação com despachantes aduaneiros e consultores tributários.
Além disso, é importante que os profissionais contábeis fiquem atentos a possíveis mudanças nas obrigações acessórias relacionadas à exportação, como atualizações na nomenclatura comum do Mercosul (NCM) e nos sistemas da Receita Federal.
A nova tarifa de importação imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — com alíquota de 50% — representa um desafio para a competitividade do agronegócio e da indústria nacional no mercado norte-americano. Embora 694 produtos tenham sido poupados da medida, setores como o de carnes, frutas e café devem ser diretamente impactados.
Profissionais da contabilidade e empresas exportadoras devem se preparar para lidar com os efeitos financeiros e operacionais da medida. A consulta à lista oficial de exceções e a reavaliação de estratégias comerciais são passos essenciais neste cenário.