Empresas que desejam manter sua relevância nos próximos anos precisam repensar sua cultura organizacional para acolher a Geração Z. Essa transformação vai além do preenchimento de vagas, trata-se de incorporar novos valores, ampliar a diversidade e fortalecer a inovação como diferencial competitivo.
No Brasil, essa mudança é ainda mais urgente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país vive seu último bônus demográfico — momento em que a população jovem supera a de crianças e idosos. As juventudes de hoje serão a maioria da força de trabalho até 2050, o que impõe às organizações o desafio de preparar um ambiente de trabalho compatível com suas expectativas e comportamentos.
“Vemos de perto como esses jovens trazem energia, propósito e novas formas de lidar com os desafios”, afirma a diretora executiva do Instituto Coca-Cola Brasil, Daniela Redondo.
Para ela, compreender as necessidades da Geração Z e adaptar a gestão é uma oportunidade estratégica de crescimento.
“A maioria deles está aberta ao trabalho formal. A questão é: as empresas estão preparadas para recebê-los e desenvolver esse potencial?”, questiona.
A importância da escuta e da transparência na gestão
Um dos pilares para engajar a Geração Z no ambiente corporativo é o diálogo aberto e constante. Jovens entre 18 e 26 anos esperam ter voz ativa nos espaços de trabalho e contribuir diretamente com as decisões e soluções de suas equipes.
Empresas que criam canais eficazes de feedback construtivo e promovem a comunicação transparente tendem a observar maior engajamento, aumento na satisfação dos colaboradores e melhores resultados. Essa escuta genuína favorece a construção de um ambiente mais inclusivo e adaptável, onde talentos emergem com mais facilidade.
Iniciativas de inclusão e pertencimento intergeracional
A Geração Z valoriza profundamente a diversidade e o senso de pertencimento. Nesse sentido, práticas de inclusão que estimulem o aprendizado mútuo entre diferentes gerações são essenciais.
Programas de inovação colaborativa, mentorias reversas e ações voltadas à intergeracionalidade ajudam a aproximar líderes e jovens profissionais. Além de fortalecer a cultura organizacional, essas iniciativas contribuem para a retenção de talentos e promovem a imagem positiva da marca empregadora.
Redução da burocracia e uso de tecnologia
Crescidos em um ambiente digital, os jovens trabalhadores têm baixa tolerância a processos analógicos ou excessivamente burocráticos. Sistemas internos que demandam etapas manuais ou apresentam falhas de integração geram frustração e desmotivação.
Investir em ferramentas digitais, automatização de processos e simplificação de rotinas pode fazer a diferença. Relatórios automatizados, dashboards de metas e comunicação por plataformas digitais são exemplos de recursos valorizados por essa geração.
Jovens buscam desafios e aprendizado prático
Ao contrário do estereótipo de desinteresse, a Geração Z demonstra forte desejo de crescimento profissional e aprendizado constante. Eles veem o trabalho como oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional, indo além da remuneração.
Desenvolver um plano de carreira claro, oferecer desafios reais e estimular competências como pensamento crítico, resolução de problemas e iniciativa são estratégias eficazes para engajar esse público. O reconhecimento de conquistas e a valorização de habilidades individuais também contribuem para a permanência desses profissionais nas empresas.
Autonomia com responsabilidade é um diferencial
A Geração Z valoriza a autonomia no trabalho, especialmente quando ela vem acompanhada de propósito e clareza. Isso não significa ausência de regras, mas sim liberdade para propor ideias e tomar decisões dentro de objetivos bem definidos.
Dar espaço para a expressão e para a experimentação permite o desenvolvimento de responsabilidade, fortalece a autoconfiança e melhora o clima organizacional. Para que essa autonomia funcione na prática, é fundamental que ela esteja alinhada ao planejamento estratégico da empresa.
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é prioridade
Segundo estudo recente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 26% dos jovens de 18 a 24 anos deixam seus empregos por problemas de saúde mental associados ao estresse no ambiente corporativo. Outro dado relevante mostra que 20% saem pela falta de flexibilidade na jornada.
Diferentemente das gerações anteriores, a Geração Z valoriza qualidade de vida, saúde mental e tempo livre. Políticas como home office, horários flexíveis, jornadas reduzidas e benefícios voltados ao bem-estar são cada vez mais decisivas para atração e retenção.
Percepções de gestores: desafio ou oportunidade?
Um relatório de tendências divulgado pela Great Place to Work (GPTW) em 2025 mostra que 76% dos gestores consideram a Geração Z um desafio para a gestão de pessoas. Isso se deve, em parte, ao fato de que esses jovens questionam padrões estabelecidos e propõem novas formas de relacionamento com o trabalho.
Para Redondo, essa percepção merece ser revista:
“É fato que essa juventude traz uma visão diferente do mundo, e tudo o que muda padrões, a princípio, é visto como um desafio. Mas será que essa resistência não reflete apenas o medo da mudança?”, indaga.
Segundo ela, o verdadeiro desafio está em romper barreiras culturais e adaptar os modelos de gestão a um novo cenário de relações profissionais.
Oportunidade estratégica para o setor contábil e empresas de serviços
Para empresas do setor contábil e áreas correlatas, abrir espaço para a Geração Z representa mais do que acompanhar tendências: é modernizar a entrega de valor. Jovens profissionais da contabilidade estão cada vez mais preparados para atuar com tecnologia, dados e inovação, o que pode impulsionar escritórios que apostam em automação de processos, análise estratégica de dados fiscais e serviços consultivos.
Organizações que souberem combinar experiência dos profissionais seniores com a energia e criatividade dos mais jovens terão uma vantagem competitiva clara no mercado em transformação.
Acolher o novo é se preparar para o futuro
A Geração Z já não é mais o futuro: é o presente no mercado de trabalho. Estar preparado para acolhê-la exige mais do que vagas abertas — exige escuta ativa, revisão de processos, abertura à diversidade e disposição para construir novas formas de liderar.
Empresas que entenderem esse movimento como uma oportunidade, e não como uma ameaça, estarão melhor posicionadas para crescer de forma sustentável, inovadora e conectada com a realidade do século XXI.
Com informações da Assessoria de Imprensa – Instituto Coca-Cola Brasil GBR Comunicação